“Realpolitik”
Do prof. Ricardo Reis, no caderno “Dinheiro Vivo, transcrevo
algumas observações que explicam muita coisa do que pode ser o sucesso dessa
figura rocambolesca que ensombra o mundo, mas agrada a tantos americanos,
chamado Trump:
“Mais uma semana, mais uma sucessão de episódios grotescos
vindos da administração Trump, cuja opinião nos Estados Unidos não podia ser
pior mas, nas sondagens sobre intenção de voto, Trump teria boas hipóteses de
ser reeleito se as eleições fossem agora.
E isto acontece porque as pessoas podem insurgir-se por
qualquer coisa nas redes sociais, mas quando chega a altura de votar só querem
saber dos seus estritos interesses no curto prazo, por muito detestáveis que
Trump e as suas políticas sejam.
Assim, para uma minoria de pessoas, o aborto é a questão
mais premente e Trump nomeou dois juízes para o Supremo Tribunal que poderão
mudar a interpretação jurídica para voltar a ser proibido o aborto; Trump pode
ser um adúltero, um mentiroso e um crápula, mas para quem está há tanto tempo a
lutar pelo regresso a um certo passado vale a pena fechar os olhos.
Para outra minoria, o Estado e as suas intrusões na
liberdade individual são a maior ameaça à sociedade, sendo a política ambiental
o maior exemplo da tirania imposta por regulações múltiplas e pesadas; com
Trump, o departamento do ambiente nos USA
está praticamente fechado, as regras não são aplicadas, os infractores
não são punidos e os regulamentos vão sendo eliminados.
Há uma minoria racista, misógina, que odeia certo moralismo
e nada lhes é mais doloroso que ver o sítio onde cresceram tão diferente do que
já foi; gostavam de poder dizer que odeiam que o mundo à sua volta já não seja
composto por famílias heterosexuais brancas a ver basebol e a comer churrasco,
sendo Trump um ídolo para estas pessoas
porque diz o que lhe apetece sem querer saber a quem ofende”. E é assim que,
somando várias minorias, por mais horroroso e desprezível que o homem seja,
pode vir a ter outra maioria”...
Amândio G. Martins
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