quarta-feira, 29 de agosto de 2018


Siddharta Gautama grotescamente ofendido...


Raramente o Nobel da Paz dos últimos tempos se tem percebido muito bem, mas aquele atribuído à política birmanesa Aung San Suu Kyi, só por que os militares a mantinham em prisão domiciliária, revelou-se mesmo uma coisa absurda; de facto, o que a mim me parece é que aquele prémio lhe serviu mais para dourar a gaiola em que vivia – ou mudar de uma gaiola para outra melhor – do que para fazer justiça a uma figura que realmente tivesse pergaminhos na luta pela paz.
 
 E o silêncio da senhora perante o massacre de que foi vítima a minoria Rohingya no seu país - só por que não é "budista" -  talvez porque não passa mesmo de figura decorativa daquele regime, revela que usou a simpatia do mundo apenas para se dar bem.

No seu livro “O Prémio”, Irving Wallace escalpeliza os meandros e as peripécias por detrás da atribuição dos Nobel, de que transcrevo algumas linhas:

“Enquanto olhava o conteúdo do livro à sua frente, a expressão do conde Bertil Jacobsson tornou-se de súbito carregada. Percorreu com os olhos a lista dos telegramas a enviar aos nomeados e verificou que faltava um, só depois se recordando que a Comissão Norueguesa informara a Fundação Nobel de que, tal como já acontecera muitas vezes, decidira não atribuír o Prémio da Paz”.

“Todos os anos, nos meses de novembro e dezembro, há muita gente em todo o mundo que procura nos jornais notícias acerca do Prémio Nobel. São pessoas que acreditam que os laureados, tal como os outorgantes,  são uma espécie de semideuses e que a ordem para atribuíção de tal recompensa vem lá do alto; mas os premiados, embora haja entre eles alguns verdadeiros génios, não passam de seres humanos”...


Amândio G. Martins



2 comentários:

  1. Essa senhora de Myanmar foi mesmo uma desilusão!
    Este livro não foi o que deu o filme com o Paul Newman ( e, já agora, com a Elke Sommer...) em que ele fez de médico? O título era o mesmo e também se relacionava com o Nobel.

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  2. Este livro saíu em 1963 e só dez anos depois foi cá publicado; sei que o enredo foi passado ao cinema mas não sei por quem nem quais os protagonistas porque não vi a película...

    Quanto à senhora, parece-me óbvio que não manda nada, não passará de um joguete para dar aos generais uma aparência mais decente; mas, pela selvajaria que patrocinam, ficam todos muito mal...

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