sexta-feira, 10 de agosto de 2018


Depois logo se vê...


Quando passei “à peluda”, terminado o serviço militar, fui a uma entrevista de emprego numa empresa de capitais estrangeiros cujo ramo de negócio cobria o país todo; fui pouco depois chamado para um estágio de um ano, ao fim do qual fui colocado num ponto fixo, com uma área à minha responsabilidade, que compreendia vários concelhos no Entre-Douro e Minho.

Já lá vão muitos anos mas esta capa da “Fortune” trouxe-me à memória o Fred, mocetão gorducho e divertido que trabalhava no snack-bar Alvorada, bem no coração da velha Penafiel, aonde gostava eu de ir almoçar sempre que andava por aquelas bandas.

Atravessavam-se os primeiros anos pós-Revolução de Abril, com dificuldades de toda a ordem, falta de divisas e inflacção altíssima e os governantes arengavam que era preciso “apertar o cinto”; mas o Fred, com quem os clientes simpatizavam e provocavam por estar sempre a “tasquinhar” qualquer coisa, não se atrapalhava minimamente quando, perante o sorriso do patrão, lhe era lembrado que o Governo mandava apertar o cinto, que os tempos não estavam fáceis, respondendo sempre que quanto mais o tentassem assustar e mandar apertar o cinto mais ele comia...


Amândio G. Martins

2 comentários:

  1. Uma "boutade" do Fred. Que se compreende (assim como o sorriso do patrão), naquele local.... Mas no outro extremo estará a estória do "cavalo do inglês". Que é a mesma da CP e do SNS. Morrerão à míngua para "felicidade" de todos nós...

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