Poeta sofre...
Popular e erudito, intervencionista e estudioso, José Mário
Branco, que não gravava desde 2004 e também fez uma pausa nos concertos, diz em
entrevista ao JN que o Mundo mudou tanto que já não se sentia bem a cantar as músicas do costume;
mas publicou recentemente um duplo CD que resgata 26 temas dum vasto espólio
que tinha ficado guardado...
Tem uma visão pessimista? – perguntaram-lhe.
“Não. É apenas pessimista no tempo de a revolução ser
amanhã. É pessimista no sentido de termos aqui um projecto para realizar e de
que afinal não há projecto. Estamos confrontados com fenómenos muito novos,
muito diferentes.
Fiz uma vez uma canção para a Cristina Branco que se chama
“Bichinhos distraídos”. É um olhar possível sobre a Humanidade. Vivemos numa
espécie de entropia histórica, grandes massas de pessoas que se contentam com o
que está, que não se questionam, que não se sentem responsáveis por coisa
nenhuma.
As duas coisas mais agressivas que há no Mundo não são as
bombas atómicas, mas sim a mediocridade e a ignorância. Neste momento, o futuro
é o passo seguinte, não é mais do que isso”...
Amândio G. Martins
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