terça-feira, 2 de abril de 2019

ESTE É O TEU TEMPO, Ó POETA!

Não te preocupes, Pedro, que a palavra vai sair. Estás em Braga, n' "A Brasileira", nada há a temer. Não há pressas nem relógios, nem sequer a TV a controlar. À minha frente, "Meditações" de Rimbaud e a "Imitação de Cristo", além da cerveja, dos óculos e do vasinho de flores. As preocupações dos jovens pelo clima até coincidem com as tuas mas provavelmente não tens vocação para profeta, antes para pensador ou poeta solitário, apesar do que és capaz de fazer em palco. Mas não esmoreças, não te deixes levar na cantiga dos comerciantes. Este é o teu tempo, ó poeta. Cegos são aqueles que não se preocupam, que persistem na ignorância, na luta feroz e imbecil pela vida. Cegos são aqueles que não vislumbram o caos e o apocalipse. Cegos e, ao mesmo tempo, doentes mentais, graças à máquina dos donos do mundo sem cara nem nome, graças ao Big Brother dos media, da alta tecnologia sem coração nem rosto, graças ao imperialismo, ao capitalismo e ao fascismo, graças à filha da putice dos pequenos tubarões, graças à manha, à espertice, à pura maldade, ao consumismo, aos terrorismos, ao racismo. Não sei como se pode levar uma existência alienada, como se nada se estivesse a passar, concentrada no trabalhinho, na vidinha, na família ou então nas coisas fúteis, quando o mundo está para rebentar.

1 comentário:

  1. Não sou poeta
    Nem escritor
    E talvez um mau leitor.
    Sou apenas amador
    Do que dizem ser a vida.
    Não (se) julgue tudo saber
    Porque viver é aprender.

    José Amaral

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