Rara democracia a dele...

O presidente da Câmara do Porto terá certamente muitas qualidades, mas nenhuma delas me parece que seja a de pensador acreditado; de facto, ao afirmar que somos uma sociedade com resquícios de colonialismo, que parece querer consumir tudo sem nada produzir, parece andar muito desfasado.

“Temo que a democracia acabe” diz o homem, na Grande Conferência do aniversário do JN, onde esteve o presidente da República e vários líderes partidários: “Não queremos exploração de petróleo no Algarve, não queremos mais barragens, não queremos eucaliptos, não queremos oliveiras no Alentejo, aeroportos novos, carros na cidade, não queremos turistas, queremos ser o quê”?

O que é curioso é que, pensando ele que precisamos de dar seguimento a toda aquela lista do que acha imprescindível para sermos felizes, diz temer que acabemos por nos submeter à solução mágica de uma só pessoa, temer que a democracia acabe, justamente por nos manifestarmos democraticamente contra várias daquelas intervenções que, podendo algumas delas fazer algum sentido, têm também um tão alto custo que acaba por destruír o que já provou ser bom...

Amândio G. Martins