sexta-feira, 8 de novembro de 2019


Mais mandadores que mandados...


Era frequente ouvir comentar com graça aquela situação em que, em qualquer município do país, era possível ver um operário puxando pela picareta para abrir um buraco, na rua ou passeio, enquanto dois ou três superiores hierárquicos observavam o trabalho, que agora quase sempre é feito por máquinas; a notícia agora refere que, nas nossas forças armadas, há neste momento mais oficiais e sargentos do que praças, o que também se presta ao mesmo tipo de chiste.

Como o serviço militar deixou de ser obrigatório, porque não enfrentamos uma situação que o justifique, só vai para a tropa quem tem mesmo vocação para aquilo; só que não está a ser dado aos jovens que gostam da carreira militar nenhum incentivo, nenhuma garantia de futuro, razão por que são cada vez menos os que estão dispostos a sacrificar na tropa um tempo que pode ser decisivo para estruturar a sua vida.

Diz o presidente da Associação de Oficiais das Forças Armadas que o desequilíbrio na estrutura hierárquica leva sargentos a fazer trabalho de praças, oficiais a fazer trabalho de sargentos e pessoas altamente qualificadas a fazer trabalho de baixa qualificação, e qualquer dia um oficial não tem homens para comandar, o que pode levar a que se volte ao tempo do recrutamento obrigatório, para que oficiais a sargentos tenham como justificar a sua existência...


Amândio G. Martins

3 comentários:

  1. 0 seu texto diz tudo sobre a ilogicidade do siatema militar. Ao me permito tecer um comentário acerca da falta de incentivos aos novos praças ( obviamente dando de barato que os países precisam de exércitos): contrasta vivamente com a intenção do governo em dar incentivos aose lhes
    funcionários públicos que... cumpram o que lhes é devido...

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  2. É um contra senso, nas forças armadas, existirem mais sargentos e oficiais que praças. A existência do exército, da marinha e da força aérea justifica-se pela presença de Portugal na NATO e também pela necessidade de defesa do território nacional e das fronteiras marítimas. A dimensão destes três ramos das forças armadas, em tempos de paz, de relativa segurança e de respeito pelo direito internacional, é de difícil avaliação. Com o terminar da guerra colonial, já lá vão cerca de 35 anos, e embora Portugal como membro da NATO tenha participado nalgumas missões de paz, parece muito pouco compreensível que hajam mais sargentos e oficias do que praças nas nossas forças armadas. Qualquer coisa está desequilibrada nesta instituição onde a honra e o carácter deveriam imperar.

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  3. Não concordo com os que arengam que o país não precisa de exército; de facto, no contexto em que estamos inseridos, fazendo parte de uma organização multinacional que é suposto existir para garantir a defesa de todos, temos que dar a nossa quota parte. A questão é que se querem forças em boas condições terão que fazer por isso, que umas forças armadas não são uma agremiação de monges, que lhe podem dedicar a vida só pelo "comes e bebes"...

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