Último líder da União Soviética, Mikhaíl Gorbachev garantiu
na História um lugar de destaque, a partir do momento em que “eutanasiou” um
regime podre, que subverteu completamente as boas ideias que estiveram na sua
génese; e encantou-me ler o que escreveu no mais recente número da Time, com
data de capa Nov.11.2019, a propósito do trigésimo aniversário da queda do
famigerado muro. E é irónico que, tendo participado, em outubro de 1989, nas
festividades comemorativas do quadragésimo aniversário da RDA, somente um mês
depois tenha caído o símbolo garantia da
existência daquele país “artificial”.
Diz Gorbachev que se percebia claramente o estado de
espírito daquela gente, que assistia contrafeita
aos actos festivos, a total descrença naquele tipo de sociedade, apesar de
todos terem sido cuidadosamente seleccionados.“They were chanting: “Perestroika,
Gorbachev, help”! Sabíamos que a situação era explosiva, com muita gente saindo
do país através da Checoslováquia e da Hungria.
Permito-me transcrever do original alguns apontamentos:
“Today,
reading some comments and reminiscences of that time, one might get the
impression that the process of reunification was a cakewalk, that everything came
like manna from the heaven, or that it all happened as a result of happy chance
or even naiveté of some parties. But that was not the case”.
(…)
“We drew a
final line under the Cold War. Our goal was a new Europe, a Europe
without dividing lines. The leaders who succeeded us have failed to achieve
that goal. A modern security architecture,
a strong mechanism for preventing and resolving conflicts have not been created
in Europe . Hence the painful problems and
conflicts that beset our continent today. I urge world leaders to face up to
those problems and resume dialogue for the sake of the future”.
Amândio G.
Martins
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