quarta-feira, 20 de novembro de 2019

SALVE 20 DE NOVEMBRO: O DIA UNIVERSAL DA CRIANÇA E O DA CONSCIÊNCIA NEGRA NO BRASIL


     Em Portugal, o dia do infante, também chamado miúdo, é 1º de junho. No Brasil, adotou-se o 12 de Outubro, que é feriado nacional em homenagem à padroeira, Nossa Senhora Aparecida.
    20 de Novembro marca, no calendário, a data universal comemorativa da criança, com ênfase especial ao respeito a seus sagrados direitos e também registra, coincidentemente , para a eterna memória do povo brasileiro, o dia da consciência negra, como reconhecimento do grande valor de uma estirpe humana, cujos descendentes, submetidos, desde à infância, à crueldade da escravidão, muito contribuíram para o desenvolvimento econômico de nosso País, e ainda sofrem, na atualidade, os efeitos de uma lamentável discriminação, embora esta se prenda mais à situação de pobreza dos negros.
   Antes da abolição da escravatura no Brasil, feita sem a prévia mudança no sistema agrário preconizado por Joaquim Nabuco para amparar os libertos, editou-se um diploma legal denominado lei do ventre livre, após cuja vigência, toda criança nascida de escravo ficaria liberta. Foi um bem que resultou no mal: começou aí a existência de criança abandonada, em virtude da falta de assistência material por parte do senhorio que perdera o direito de propriedade.
   A criança precisa ser alvo dos maiores cuidados para sua boa educação, que, segundo Napoleão Bonaparte, deveria começar vinte anos antes dela nascer. Tudo se pode fazer eficazmente por ela, nos três primeiros anos de sua existência, porque, nessa tenra idade, é bastante receptiva e, como um livro de páginas brancas, muito se pode nele facilmente escrever.
   Os espíritos divinos criados por Deus estão chegando ao planeta Terra, numa época de dolorosa transição para uma melhor situação evolutiva. São muito inteligentes e hábeis em todos os setores culturais modernos, mas muito carentes de assistência moral que as escolas tradicionais não são capazes de oferecer, e, sim, o núcleo familiar. Sobre este assunto, tive a oportunidade de assistir a uma magistral palestra (06/08/19) do ilustre médico, pensador espiritualista cristão e professor universitário, Joaquim Tomé de Souza.
   Ao contrário do que muito se apregoa e até se combate, inclusive com dispositivos legais, algum tipo de atividade laboral, desde que não prejudique a presença na escola e os divertimentos, é sempre bem-vindo. Ela não deve, entretanto, ser atendida em todas as suas vontades: os limites são necessários, não apenas o “sim”, mas também o “não”. 
   Faz-se necessário ensinar as crianças, com argumentos razoáveis, a obediência à disciplina, inclusive quanto ao uso de aparelhos de comunicação, sobretudo o telefone celular, cujo manejo elas exercem com grande maestria, na mais tenra idade.
    Nesta época de tanto abuso à criança, torna-se imperioso lembrar a drástica sentença de Jesus Cristo (Mateus, 18.5-6), segundo a qual, melhor seria para o corruptor que se lhe atasse uma pedra no pescoço e o lançasse às profundezas do mar. Vale dizer, teria sido melhor espiritualmente para ele uma violenta morte do que a continuidade da vida comprometida pela grande iniquidade, porquanto a lei de causa e efeito que rege nossos destinos é implacável e exige reparação através de intensa atividade na esfera do Amor ou no resgate da dor do sofrimento, como se pode ver na carta do apóstolo Paulo aos Gálatas (6:7-8).
   Ao final dessas linhas, deixo aqui um soneto em redondilha maior (versos de 7 sílabas), escrito no outono de 1988, expressando a ideia de que dentro da criança está o reino dos céus.
ALMA DE CRIANÇA
Como foi sábio Jesus,
Ao vislumbrar, na criança,
O roteiro de esperança
Para o encontro da luz!

Na alma do infante, lembrança
Alguma a ódio conduz;
Ali sempre mora a confiança
Que apenas amor produz.

Longe de toda a ambição,
Vazio é seu coração
Do mais singelo conflito.

Cheio, porém, de ternura,
Abraça a grande ventura
Na aliança com o infinito.

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