“No me sale rentable trabajar”...
Dizia uma pessoa ligada ao turismo e à marca “España” que há
três coisas que invariavelmente vêm à memória dos estrangeiros quando o tema é
Espanha: Touros, futebol e Barcelona, e
nesta os carteiristas; é uma tal praga e os vigaristas exibem tal descaramento
que, questionados pelos jornalistas que reportam a sua actividade delituosa,
não mostram qualquer acanhamento em afirmar que viajam para ali com aquele
propósito porque é um “trabalho” muito lucrativo.
As vítimas preferidas são africanos ricos e japoneses, sendo
que cerca de metade destes que visitam Barcelona são “aliviados” dos bens que
transportam, tendo depois que recorrer ao seu consulado para poder regressar ao
país; questionado o cônsul, este justifica a elevada percentagem, comparada com
outras nacionalidades, com o facto de os seus compatriotas andarem à vontade porque
no Japão não têm um problema assim.
O que a mim me surpreende é que, sendo sempre os mesmos
bandos, maioritariamente mulheres, que se alternam nos vários pontos de grande
movimento, aqui como lá, que o policiamento à civil surpreende em flagrante
porque os traz a todos debaixo de olho, não haja leis adequadas para tratar
esta malandragem; assim, lá como aqui, passam umas horas na polícia e são de
novo largados à vontade, porque não cumprem nenhuma das condições que lhes são
impostas e nada lhes acontece, respondendo com a frase que vai em título,
quando lhes sugerem que procurem um trabalho digno, e exibindo ostensivamente o
dedo do meio quando desconfiam que estão a ser vigiados...
Amândio G. Martins
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