Estes últimos tempos trouxeram-nos palavras e comportamentos que nem sabíamos que existiam. E muitos de nós temos cumprido “ordens” de ficar em casa tempos infindos para nos salvaguardarmos dum micróbio que tudo invade e que está a deixar meio mundo sem concerto.
Muito devagarinho começaram a deixar o teletrabalho e estão a acertar técnicas para assegurar um seguro recomeço da abertura das aulas. Mas parte da população mais idosa e reformada é continuamente aconselhada a ficar em casa não vão os transportes públicos andarem com o tal micróbio até porque pontos de encontro para este tipo de população continuam encerrados. Agora já alguns vão perto de casa tomar um cafezinho. Pronto: ficamos em casa e abrimos a TV e ficamos a ouvir noticias detalhadas e minuciosas sobre os mais diversos assuntos.
Ficou-se a saber, por exemplo as fortunas, os milhões que se paga por um jogador de futebol. Os Clubes fecharam agora, há poucos dias, os contractos do “plantel” - parece que é assim que se chama ao conjunto de jogadores que durante estes tempos mais próximos vão andar a correr nos campos uns contra os outros e a meterem a bola na baliza do adversário.
Fiquei a pensar se esta actividade deve ter ordenados tão altos não só do jogadores como dos treinadores que entretanto são promessa de grandes êxitos. Depois pensei que deve ser difícil arranjar dinheiro uma vez que parece que não vai haver público a assistir. Vão comprar bilhetes mesmo sem ir?
Houve também um programa que nos deu elementos sobre os novos modelos de automóveis, suas características e os seus preços. Uma das características referia-se à velocidade que pode atingir em segundos. Mas (?) segundo penso saber não se pode – mesmo nas autoestradas – andar a mais de 120 km/h: então para que estão à venda modelos que não podem ser utilizado nas suas plenitudes? E o preço? Falaram num Lamborghini de mais de duzentos mil Euros.
Troquei palavras com pessoas que também tinham visto o mesmo programa sobre carros e de esclarecimento em esclarecimentos apercebi-me que gente ligada ao futebol normalmente são os compradores destas marcas de carro de preços tão altos. E então fiquei contente porque sem este confinamento desta pandemia nunca teria sabido que os ordenados no futebol tão altos para correr atrás de uma bola irão assegurar postos de trabalho de quem constrói carros de alta cilindrada.
Mas reflectindo seriamente sobre estas notícias elas deixam uma certa angústia quando sabemos das dificuldades com que os nossos cientistas são confrontados quando precisam de apoio monetário para prosseguir as suas investigações na melhoria na área da saúde. E se os jogadores ganhassem menos uns milhões e os clubes de futebol enviassem alguns milhões aos nossos cientistas?
Maria Clotilde Moreira
Jornal Costa do Sol - 23.09.2020
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