Desta vez é o da Química, ganho por duas jovens ( ambas na casa dos 50!) investigadoras, pela descoberta duma técnica de edição do genoma ( ADN) chamada de CRISPR/Cas9. Na gíria, "tesoura genética" pois, no fundo e simplificadamente, retira porções de escolhidas de ADN e imprime uma porção nova no local da anterior. O tal metafórico "corta e cose", mais eruditamente chamado de edição...
Até aqui tudo "simples"! Depois vêm as consequências, boas e "más". Propositadamente só coloquei aspas nas últimas, pois elas caem no plano das éticas ( assim mesmo, no plural) em que a religião está imensas vezes implicada. No plano benéfico, vem-me logo à cabeça certas doenças geneticamente condicionadas por um único gene ( parte do cromossoma), precisamente aquele.... que se "corta" para lá "coser" um normal. No plano "maléfico" já estou a ouvir vozes avisando que se está a fazer eugenia, muitas delas juntando que "foi Deus que nos criou e.... ele lá sabe". No primeiro, imagino a alegria dos pais pela perda de sofrimento dos filhos atingidos. No segundo, haverá pouca compaixão e uma mistura de intenções. Quanto a Deus, bom, como disse Vergílio Ferreira (VF), esse "retira-se para trás de Deus", o que aliás, digo eu.... foi o que sempre fez. Bem sei que - e deixem-me ligar o "complicómetro", como um jogador de xadrez que joga contra si próprio - VF também disse que " somos aquilo que somos e deixamos alguma coisa ao educador para fazer jardinagem" mas, agora "somos o que somos".... quando? Antes ou depois das "costuras" feitas...
NOTA: teci considerações sobre os humanos, mas a técnica pode ser usada noutros seres do mundo animal, bem como do vegetal. Não se assustem mas nós partilhamos mais de 50% do genoma da couve galega....
Fernando Cardoso Rodrigues
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