quinta-feira, 30 de março de 2023

Dramas muito pessoais

 

No universo das mulheres que dizem engravidar “só de ver um homem”, sem ter a menor vontade disso, e as que desesperam para conseguir engravidar, existem dramas tais que só as protagonistas poderão contar.  Ana Obregón é uma artista espanhola que, tendo perdido um filho adulto, que não venceu uma doença incurável, via-se desesperadamente solitária, sem saber que rumo dar à vida; até que, inesperadamente, surgem imagens suas a saír de um hospital americano com uma bebé aconchegada ao peito, como qualquer outra mamã orgulhosa de o ser, e a legenda “já nunca mais vou estar só”.

 

Mas esta aventura duma senhora com quase setenta anos levanta em Espanha uma série de questões, desde logo como legalizar a situação da criança - que foi claramente comprada, porque nos casos comuns de gestação sub-rogada o feto, sendo desenvolvido numa barriga alugada, foi gerado com “material” recolhido dos pais biológicos, coisa inviável no caso em apreço - e outras que preencheram os programas dos canais generalistas, querendo saber o que pensam os partidos políticos.

 

Sendo aquela prática ilegal ali, o partido “Ciudadanos” já tinha proposto que se lagalizasse desde que a barriga externa não fosse paga, só por altruísmo, o que pouquíssimos casos resolveria, dada a quantidade de gente que em Espanha recorre a esse método para ter filhos; dos restantes, o PP diz que deverá ser abordado o tema com cautela, o PSOE diz que “ni hablar”, que a dignidade da mulher nem se compra nem se vende, e os mais pequenos subscrevem a mesma postura, todos sabendo que é cada vez maior o número de casais que recorre a todo o lado onde seja possível alugar uma barriga, agora com o dobro do dispêndio desde que na Ucrânia deixou de ser seguro...

 

Amândio G. Martins

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