Emociono-me facilmente perante um animal faminto que me apareça por aqui à procura de comida, cheio de medo que, em vez de lha dar, o escorrace à vergastada, de tão “escaldado” que anda de ser assim recebido, mas é muito difícil que o discurso dum político me possa causar emoção; de facto, creio mesmo que, desde Luther King, que não era político, pelo menos comum, jamais uma perlenga política foi capaz de melhorar o meu cepticismo.
Mas ando emocionado, que só pode ser de revolta, com o que nos últimos dias tenho ouvido ao dito líder da Oposição, pela preocupação que vem manifestando com as dificuldades que os menos abonados de nós atravessam; um demagogo que, como líder parlamentar durante uma legislatura inteira, nunca opôs uma reticência que fosse às maiores patifarias que um governo já fez contra os mais fracos da nossa terra, enquanto os poderosos engordavam ainda mais a sua fortuna, justificando-se que se as pessoas não estavam bem, o país estava muito melhor.
Apoiante de um governo que parecia regozijar-se de castigar quem menos tinha, retirando e reduzindo apoios indispensáveis à sobrevivência de tantos, propalando que os socialistas não só não incentivam a criação de riqueza como potenciam bancarrotas, esta rocambolesca figura vem agora acusar de “forretas” os socialistas actualmente responsáveis pela governação, por não estarem a dar ao povo necessitado os apoios suficientes; todavia, diz-me a experiência que não são as dificuldades do povo que o afligem, mas ver fugirem-lhe por entre os dedos os argumentos de estimação que sempre usaram contra a Esquerda, de esbanjar o que eles “amealhavam”, deixando os cofres públicos a zero...
Amândio G. Martins
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