Fazem para mim todo o sentido as cautelas reveladas pela hierarquia católica acerca do modo como deverá ser tratado o sério problema dos abusos cometidos por padres em exercício de funções, porque toda a gente tem direito à “presunção de inocência”, até que se prove que cometeu os crimes de que é suspeita; de tão habituados que estamos a ver condenações na praça pública, exigimos o “pelourinho” muito antes de se provar que as pessoas de que se suspeita cometeram realmente esses crimes, e quando se verifica que são inocentes já de popuco lhes serve, porque dificilmente recuperarão a imagem da dignidade que lhes foi roubada.
Aparecem às vezes, na Comunicação Social, relatos de casos de vingança no seio das famílias, quando aí surgem desavenças, em que um pai é acusado de abusar da própria filha, com esta a ser manipulada pela mãe para confirmar o que ela quer, só porque quer arranjar um pretexto para separar-se do marido, ou é ele que tem essa intenção, e deve ser terrível alguém ver-se assim acusado; é que até que se demonstre que tudo não passou de calúnia vingativa, a vítima vê-se olhada como se fosse mesmo culpada, e mesmo depois de ser ilibada pela Justiça vai continuar a sentir aquela nódoa na sua vida.
Portanto, parece-me razoável a postura cautelosa dos bispos, que para além da sua própria análise à lista que lhes foi entregue pela comissão independente, a deverão entregar às autoridades do Estado para investigação competente, para que ninguém seja condenado sem provas concludentes de ter cometido crimes, sendo dadas aos padres as mesmas possibilidades de defesa de qualquer outro cidadão...
Amândio G. Martins
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