A OBRA DELES…
Na pág. 2 do
JN de hoje, ao lado de um panfleto indigente, como aliás é seu timbre, de um
tal Nuno Melo, escreve o Editor-Executivo Rafael Barbosa:
O EPITÁFIO
“1-Nunca os
portugueses pagaram tantos impostos. Por via do imposto sobre o consumo(IVA),
que chega a todos; e através do IRS, que atinge com particular eficácia os
rendimentos do trabalho. No caso deste último, a canga tornou-se quase
insuportável com a conjugação de um agravamento directo do imposto e a criação
da sobretaxa. E assim chegamos a 2015, mais pobres, mas a pagar mais impostos.
Acontece que
este era também um ano eleitoral e portanto tempo de iludir os eleitores. A
solução que o Governo tirou da cartola foi essa originalidade do “crédito
fiscal”. Ou seja, se a recolha de impostos crescesse acima do previsto,
devolveria a diferença aos contribuintes. Para garantir credibilidade à
fantasia, PSD e CDS encarregaram a máquina fiscal, supostamente isenta, de nos
informar da evolução do reembolso. A tragetória foi sempre ascendente e, no mês
anterior ao das eleições, já se prometia uma devolução de 35%.
A euforia
durou pouco. Mês e meio depois das eleições e no último dia em funções de
Passos e Portas, fica a certeza de que será devolvida coisa nenhuma. O Governo
acaba como começou, com uma espécie de fraude eleitoral, prometendo uma coisa,
para fazer o seu contrário. Não vale a pena perder tempo com a triste figura de
Paulo Núncio no Parlamento. Limitou-se a cumprir o papel de cordeio
sacrificial. O epitáfio deste Governo deve ser atribuído a quem fez da mentira
uma arma de arremesso eleitoral: o ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho.
2- É um dos
axiomas do capitalismo: o dinheiro não tem pátria. Nem na nossa versão de
trazer por casa, como ficou provado por estes dias, com a multiplicação de
notícias, primeiro sobre a distribuição apressada e antecipada de dividendos
entre algumas grandes empresas portuguesas, um truque para escapar a um
eventual agravamento fiscal em sede de IRC(e em cuja vanguarda está, como
sempre, o Grupo Jerónimo Martins; depois, com a confirmação de que parte desse
e de outro dinheiro já foi recambiado para paragens mais seguras. O alerta, em
forma de chantagem, sobre a fuga de capitais fê-lo António Saraiva, o patrão
dos patrões: não só há empresários a “tirar o dinheiro do país”, como ele só
regressará em função “das medidas que o próximo Governo vier a tomar”. Sendo
certo que há “linhas vermelhas” que não serão toleradas. Ora, ao contrário do
que gostam de dizer os nossos capitalistas, este tipo de atitudes e de
linguagem não remete para a economia de mercado. Pode ser legal, mas chama-se
pilhagem”.
Transcrito
por Amândio G. Martins
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