sexta-feira, 13 de novembro de 2015

DISPARAM OS SUICÍDIOS NA POLÍCIA

Na última semana e meia quatro polícias suicidaram-se em Portugal. Só este ano houve 12 suicídios na PSP e na GNR, o maior valor de sempre. Segundo um estudo de psiquiatras do Hospital de Leiria, cerca de 15% dos polícias já pensaram em suicidar-se e 35% já fizeram medicação para a ansiedade ou para a depressão. 7% dos guardas já tentaram o suicídio e mais de 80% sentiram desânimo devido ao excesso de trabalho e à relação com os chefes.
É evidente que é na polícia que as relações de hierarquia e de autoridade mais se fazem sentir. Executam-se ordens, está-se cegamente às ordens dos chefes e, por outro lado, abusa-se da autoridade sobre o cidadão comum. Não é, portanto, de estranhar que surjam depressões e comportamentos doentios e suicidas. A própria sociedade capitalista, assente num controlo e vigilância permanentes, não imediatamente perceptíveis, leva as pessoas à loucura e, em último caso, ao suicídio. A forte hierarquização, a distância para os centros de poder político e financeiro, a falsa democracia, tudo isso contribui para uma sociedade cada vez mais doente e moribunda.

2 comentários:

  1. Caro A. Pedro Ribeiro,
    O seu texto fez-me lembrar muito de um livro que estou a ler e certamente lhe interessará. Passo a fazer uma citação do mesmo:
    “No entanto seria completamente erróneo sustentar que a ordem económica e social tem unicamente a ver com questões técnicas objectivas; não, a ordem económica e social afecta as pessoas e a configuração e a manutenção da vida humana, a convivência humana e, em muitos casos, a sobrevivência humana. O pão é necessário para viver, mas o ser humano não vive só de pão. O homem é mais do que aquilo que come. Necessita de afecto humano e depende de que os outros o tratem pelo menos com um pouco de misericórdia. Por isso, a monitorização do social hoje predominante implica uma amputação e uma redução do ser humano. A sociedade em que isso acontece perde a sua alma e transforma-se numa sociedade desprovida de alma.Daí que a actual crise económica e financeira seja, em última análise, uma crise antropológica e espiritual.Os que não estão em condições de resistir são facilmente arrastados e esmagados. Sobretudo no decurso da globalização da economia dos mercados financeiros, as forças neocapitalistas incontroladas e sem entraves que transformam amiúde e desapiedadamente as pessoas, e mesmo povos inteiros, em joguetes da sua avidez por dinheiro recuperaram um poder crescente”. (A Misericórdia – Walter Kasper)

    ResponderEliminar

Caro(a) leitor(a), o seu comentário é sempre muito bem-vindo, desde que o faça sem recorrer a insultos e/ou a ameaças. Não diga aos outros o que não gostaria que lhe dissessem. Faça comentários construtivos e merecedores de publicação. E não se esconda atrás do anonimato. Obrigado.

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.