Escrevi ao Público há minutos para manifestar a minha tristeza, a minha indignação - recordo Indignai-vos do francês Stéphane Hessel , publicado em 2011 - e preocupação face aos últimos acontecimentos bárbaros em Paris.
Claro que temos medo. Tal como escreveu hoje Miguel Esteves Cardoso, " o medo é a única coisa que podemos ter", mas que não nos pode destruir.
Algumas páginas atrás, Jorge Almeida Fernandes (J.A.F.) intitulou a sua crónica de «O medo e o resto» e definiu-o como "uma das mais poderosas paixões" e disse "temos medo do terrorismo". E citou as palavras terríveis de Bin Laden: «Nós temos jovens que amam a morte mais do que vós amais a vida.»
Não consigo compreender como em menos de um ano a França volta a ser vítima do terrorismo, ela que tem a maior comunidade muçulmana na Europa, 5 milhões de pessoas e é (por isso?) o país mais exposto ao terrorismo da «segunda geração», como escreveu o jornalista do Público.
Este assunto colocou para segundo plano a crise política em Portugal . Na primeira página da edição de hoje do Público, uma foto da Torre de Belém a 3 cores com a pergunta dos franceses "Em nome de quê?»; no editorial, a pergunta do Público: "Que Europa sobreviverá a Paris?». O terror em Paris teve destaque até à página 21. E apenas na página 26, a referência direta a esta «grave crise política» pela mão de Manuel Carvalho.
Não, não estou a criticar a opção editorial do Público.
A segurança, a paz e a vida das pessoas tem que ser a nossa maior preocupação e deve secundarizar tudo, suspender a política e seus jogos (a campanha eleitoral para as eleições regionais foi suspensa em França). Tudo se encerra, fecham-se portas, tudo se silencia. Podemos adiar a política por algumas horas e dias quando o que importa é cuidar uns dos outros , pensar nos outros. Foi bonito de ver as filas de gente disposta a dar sangue para fazer face às necessidades após os atentados (os centros de doação de sangue de Paris entraram ontem em «colapso» ).
A Europa reza pelas vítimas de 13 de Novembro ...
Como disse alguém, "Terrorismo deixou de ser uma coisa do outro, passou a ser uma coisa minha".
Para finalizar, e voltando de novo ao texto de J.A.F., temos também medo "das medidas que se tomam contra o terrorismo".
Temos, nós europeus, ocidentais, que amar ainda mais a vida para nos tornar-nos mais fortes que eles !!
(publicado a 17-11-2015 no Público)
Peço desculpa mas enquanto se está a escrever um texto é impossível ver que entretanto outro entrou.
ResponderEliminarParece que não são 5 milhões mas 10 milhões de muçulmanos que há em França. E claro que é por isso!
Já não sei que diga. Mas que algo está mal, está mesmo muito mal. Não devemos deitar culpas a nós mesmos. Temos de evitar que mentes dementes espalhem tanto horror, mas como, não sei, apesar de alguns terem resposta imediata para aquilo que ainda não sei. Mas só sei que assim não pode ser. A tolerância evita muitos males, mas ...
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