Compatriotas,
Em Janeiro de 1988, por iniciativa de O Comércio do Porto, levou este
jornal diário a efeito um certame intitulado ‘Portugal e os Descobrimentos’, em
que os leitores poderiam dar o seu contributo, através da rúbrica ‘Rota dos
Leitores’.
Contribuindo com muitos trabalhos, quero convosco compartilhar uma
pequena parte dos mesmos e que foram publicados pelo citado jornal nortenho.
Assim, transcrevo-vos parte do que de meu nele foi publicado em 16/4/1988:
DUPLA QUESTÃO
DA NOSSA HISTÓRIA
Foi a Odisseia Quinhentista
O ponto alto da nossa História;
Terá valido a pena tão vã glória
Se nada avisto de tal conquista?
“Novos mundos demos ao mundo”,
Novas raças encontrámos,
Rotas perdidas achámos
Em eixo comercial fecundo.
Ao real da
quimera
Foi fervura
momentânea
Do nosso
passo abismal.
Séculos perdidos
d’espera
Em obra tão
consentânea
Foi um marco
sem igual.
…………….
E agora que
nos resta
Da obra
fecunda – generosa,
Da fé
profunda – fervorosa,
Do penar
duro que cresta?
Vilanias,
traições e arruaça,
Orgias por
de mais na devassa
Feriram-nos
na génese da raça
E despiram-nos
de tudo na praça.
Mas não
condenemos o passado
Cobrindo com
ele o presente,
Assim continuaremos
eternamente
Num país
triste e cansado
Em vez d’um Portugal
crescente,
Onde possamos
viver alegremente.
“O COMÉRCIO
DO PORTO”:
NOSSO ARAUTO
“QUINHENTISTA”
Quinhentos anos volvidos
Estamos a festejar
Os feitos dos navegadores
Pelos mares a velejar.
Feitos ímpares eles fizeram
Em rotas difíceis, sem fim,
Desbravaram o mundo,
Esticaram-no sem fim.
Mas hoje o nosso arauto
Encontra-se em bom porto
Na terra do Navegador:
É “O Comércio do Porto”
Que tão bem tem divulgado
Os feitos das descobertas
Dos valorosos marinheiros,
Qu’abriram tod’as portas
E rasgaram horizontes
De grandeza mundial,
Para bem da humanidade
E glória de Portugal.
José Amaral
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