Umberto Eco é citado no Público de hoje (15 out.), em "Escrito na pedra": - "A leitura é uma necessidade biológica da espécie. Nenhum ecrã e nenhuma tecnologia conseguirão suprimir a necessidade de leitura tradicional."
Concordo com Umberto Eco, o pensador, filósofo e escritor contemporâneo que mais admiro e com quem tenho sempre alguma coisa a aprender. Com este dito, ele obriga-me a reflectir e, de reflexão em reflexão, chegar à questão talvez mais interessante da filosofia, que é a eterna discussão sobre a existência/inexistência de Deus ou, se quisermos, sobre o porquê da religião. (Desde já excluo deste âmbito as manifestações pseudo religiosas, a saber: inquisição, fogueiras, pedofilias, chicotadas, decapitações, etc., reservando as palavras Deus e religião rigorosamente para manifestações de Fé que inspiram a paz e o amor).
Sei que existem cientistas a investigar a causa da propensão dos humanos para acreditarem num Deus e praticarem uma religião. Recordo um estudo publicado na Science et Vie que até aponta para a existência de uma base genética que predispõe para a religiosidade, o que está em harmonia com o pensamento de Umberto Eco relativamente à leitura.
Portanto, no meu agnosticismo aberto mas inclinado, ora para o teísmo, ora para o ateísmo, pergunto se não existirá também uma necessidade biológica da espécie humana para a crença num Deus, à semelhança daquela que Umberto Eco conclui que existe para a leitura; por outras palavras: será que existe Fé porque existe Deus, de modo semelhante à existência da sede porque existe àgua, ou que existe àgua porque existe sede?
É um tema demasiado assombroso para se esgotar numa carta, mas hoje o meu agnosticismo fica mais inclinado para o lado do teísmo, curiosamente devido a uma reflexão de um agnóstico, pois reconstruindo o pensamento de Umberto Eco, digo: -"Deus é uma necessidade biológica da espécie. Nenhum progresso científico ou tecnológico conseguirão suprimir a necessidade de Deus"!
José Madureira
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