domingo, 13 de agosto de 2017

A Classe

É preciso e é urgente meter os médicos na ordem. Esta classe de privilegiados faz finca-pé na exigência por mais e mais regalias. Já não lhes basta o chorudo nível de vida que gozam, as deslocações em topos de gama, as viagens injustificadas para suspeitos Congressos sem lá terem posto os cotos, as ricas férias em paraísos à sombra da bananeira, as benesses facilitadas pelos Laboratórios, e ainda querem mais e melhor. Senhores de vantagens diversas, proprietários em pouco tempo de bens e de ganhos arrecadados por vários ganchos praticados em espalhados centros de saúde e clínicas sob suas gestões, ainda têm tempo para lançar ultimatos ao governo da nação e ao ministro que os tutela, com o apoio arrogante do bastonário que os incita à greve. Bastonário que entende que aqueles praticantes de actos médicos, alguns profissionais e outros apenas receitadores de fármacos, levam uma vida de risco e de desgaste, por tão poucas horas de trabalho, e tanta dedicação no assédio dentro das unidades hospitalares e nos consultórios particulares, salvaguardando contudo os investigadores e os que queimam as pestanas na descoberta de soluções para cura dos males que nos afligem. Outros porém, até tentam encavalitar-se nas pacientes, enquanto estas se submetem a consulta, nas horas vagas ou dedicadas às suas clientes expostas sobre as marquises, e sem que o bastonário e os sindicalistas ruidosos e ameaçadores, reivindiquem severo e exemplar castigo para tais “especialistas”. Nenhum deles é hoje um joão semana. Hoje são quase todos comerciantes e negociadores do queijo da serra e do presunto pata preta, regado com Dom Pérignon, depois de aturadas análises. Já entram e saem das Escolas com o livro da conta-corrente e após codificado juramento. É uma sorte encontrar um que fuja deste padrão, que os há, raros com certeza. Precisamos de um governo que ponha travão a tanto ultimato classicista, que se levanta por dá cá aquela palha, e sem qualquer promessa de dar em troca deveres e obrigações de mais aplicação e de melhor entrega no serviço público que lhes é exigido dar, aos que a eles recorrem com alguma legítima confiança. Tal classe que se julga merecedor de tratamento superior, não pode passar sem reparo e crítica cuidada e séria, pois eles já lucrando com o desempenho da função, e alargado privilégio, contribuem nas acções desmedidas e comerciais que pretendem obter, para a exploração do povo e para o agravamento da sua saúde, que lhes paga. Alguém conhece um médico pobre, ou sequer remediado? Não, pois já se extinguiram de morte natural, os joão semanas, imortalizados na memória e na literatura romanesca. Pede-se ao governo e ao ministro em particular, serenidade, clarividência, firmeza q.b. para submeter estes “profissionais” ao tratamento que eles estão a pedir. Em nome da saúde do Povo!


3 comentários:

  1. Eu médico e orgulhoso da forma como desempenhei a minha profissão,me confesso. E considero que o texto acima da autoria de Joaquim Moura é um NOJO REPUGNANTE!

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  2. ...é uma pena o Sr Dr. não ter encontrado um espaço no texto com que se identificar e encaixar. Bastaria dizer que pertence ao grupo- " É uma sorte encontrar um que fuja deste padrão, QUE OS HÁ COM CERTEZA". Eu por explº! Pelo contrário preferiu confundir-se com a maioria. Reagiu mal e sem objectividade. Devia saber separar o trigo do joio, e realçar que não faz parte da praga emergente e mercantilista. Aconselho-o a reler o texto e não tomar a atitude própria dos solidários da "classe", sem mais. Assim até nos confunde ainda mais, e não se vê salvaguardado pelo advérb. "quase". É pena reacção tão destemperada mas significativa!

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  3. ...é uma pena o Sr Dr. não ter encontrado um espaço no texto com que se identificar e encaixar. Bastaria dizer que pertence ao grupo- " É uma sorte encontrar um que fuja deste padrão, QUE OS HÁ COM CERTEZA". Eu por explº! Pelo contrário preferiu confundir-se com a maioria. Reagiu mal e sem objectividade. Devia saber separar o trigo do joio, e realçar que não faz parte da praga emergente e mercantilista. Aconselho-o a reler o texto e não tomar a atitude própria dos solidários da "classe", sem mais. Assim até nos confunde ainda mais, e não se vê salvaguardado pelo advérb. "quase". É pena reacção tão destemperada mas significativa!

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