O cu e as
calças
Recordo que,
quando era miúdo, também já se falava de modas, mesmo ao nível das aldeias, e
tenho viva uma cena do dia de S. Lourenço, que se festeja sempre a 10 de agosto
e movimentava muita gente; novos e velhos, de todos os lados, passavam por aqui
a pé, em grandes grupos, subindo os montes com saquinhas de sal na mão para
oferecer ao santo que, segundo a crença, protegia as pessoas das dores de
dentes, já que nesse tempo nem se falava em ir ao dentista.
E lembro-me
de ter ouvido a minha avó Custódia Maria dizer a uma rapariga que lá
trabalhava, que olhava os grupos que passavam, que se quisesse também podia ir à
festa, ao que a moça respondeu que não tinha ali roupa de jeito; tendo a minha
avó, em tom jocoso, oferecido roupa sua, pois tinham a mesma estatura, a
rapariga respondeu-lhe no mesmo tom, dizendo que não iria a uma festa vestida “fora
de moda”…
Naquela
conversa entrecortada de risadas, a minha avó retorqui-lhe que fosse qual fosse
a moda, o cu havia de ficar sempre do lado de dentro das calças; mas eu
desconfio que se a senhora Custodinha pudesse cá dar hoje uma espreitadela e
visse o que por aí vai, morria de novo, mas agora de susto, ao ver-se “desmentida”
pela enorme quantidade de traseiros arrebitados que por todo o lado se vêem
meio fora das calças.
E fui
verificando, ao longo do tempo, que quanto mais disparatada a “moda” parecia,
quer nas expressões do linguajar como a copiar imbecilidades - das quais
relembro, entre muitas outras, a moda das chupetas no vidro traseiro dos
carros, o autocolante da cabeça de uma mulher com um chapéu largo, um outro que
dizia aos que seguiam atrás que se tinham inveja dele, trabalhassem como ele
fazia, e tantas outras coisas caricatas - mais seguidores arrebanhava!
Agora parece
ter “pegado de estaca” outra moda que consiste em trazer um molho de chaves na
mão, atadas numa espécie de coleira colorida, e já me perguntei se não fariam
melhor levar aquilo ao pescoço, a simular um chocalho…
Amândio G.
Martins
E os piercings, as tatuagens, as calças rasgadas...
ResponderEliminarNa verdade, incapazes de criar alguma coisa válida que as distinga da mediocridade, optam por dar nas vistas com todo o tipo de sandices...
ResponderEliminarÉ a imitação, Sr. Amândio! Autênticos/as macaquinhos/as de imitação. Aliás, o marketing da moda, investe a fundo nisso.
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