segunda-feira, 28 de agosto de 2017

ATÉ AMANHÃ!

"Até amanhã!". É sempre "até amanhã." O recolher a casa, depois do trabalho, depois do shopping, nada mais em perspectiva. Os dias não vividos. A noite em frente à TV. O contrário da vida. Onde está Dionisos? Onde está o deus que dança? Onde está a alegria autêntica? Nada. Só os dias cumpridos. Não há explosão. Não há fogo. Não há vinho. Vão matando as crianças. As brincadeiras das crianças. Vão matando a juventude na obrigação, no emprego. É a morte da poesia, da filosofia. A morte da Criação. A morte. "Até amanhã". Nada de novo. Não há mais nada. Não há mais vinho. Paz e sossego. Morte. Os dias iguais que se repetem. A rotina. O tédio. Morte. Eles deram cabo de vós. Devoraram-vos a alma e o espírito. "Até amanhã". O dia está morto. Não há fogueiras. Não há xamã. Só consumo e trabalho. E morte e doença. "Até amanhã". Vamos todos morrer hoje. Não há celebração. Não há vida. Vamos todos morrer hoje.

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