Os gentios deste dito sossegado e acomodado país – onde o
turismo está na crista da onda e no cu das galinhas de ovos de ouro –, que
vivem essencialmente no desertificado interior e que persistem nele viver, são obrigados a assistir à guerra sazonal dos incêndios, os quais,
cada ano que passa, são mais.
Assim continuando, das duas uma, ou Portugal abandona de vez
a posse de tais terras do demo, cingindo-se ao território traçado por uma linha
imaginária que vai de norte a sul do litoral até à A1, ou, então terá de alugar
mais terrenos de denso matagal, a fim de manter a sazonal indústria de terra
queimada, até à extinção final de uma sociedade que vive sem saber bem o que fazer,
para se manter dentro das mais elementares normas de racionalidade.
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