terça-feira, 22 de agosto de 2017

E se o dedo mindinho adivinha mesmo?

Esta madrugada acordei sobressaltado. Perante um ajuntamento de pessoas desesperadas, a que alguém lhes dissera que eu tinha um dedo mindinho que adivinhava tudo, imploravam-me para que lhes dissesse para quando o resultado dos inquéritos, o apuramento das responsabilidades, enfim, quando teriam noticias e o seu problema resolvido. Que já tinham batido a todas as portas, inclusive à do Palácio de Belém, e a situação não há meio de ser resolvida apesar de já terem passado 60 dias. Uma habitante, revoltada com a visita de António Costa e comitiva, jornalistas e televisões a sua casa já recuperada mas sem qualquer apoio público e paga pelo seguro. Sem resposta para dar a este grupo de pedroguenses vitimas da tragédia que se lhes abateu em Junho passado, ceifando dezenas de vidas, queimando tudo por onde passara, o que é certo é que de inquérito em inquérito, estes nossos compatriotas vivem com o credo na boca, alguns sem haveres nem habitação e já não sabem o que por no prato pois as ajudas de familiares, de amigos e de gente anónima, não dura sempre. E eu, sem quaisquer poderes sobrenaturais de adivinhação, lutando contra este pesadelo, de que me lembrei? Erguendo o dedo mindinho, pergunto: diz-nos quando chegará o prometido para esta gente? Para espanto de todos, o mindinho responde: descansem que antes do próximo dia 1 de Outubro a situação estará resolvida. E quando me preparava para lhe perguntar como tinha tal certeza, como em todos os sonhos, acordei. Pego no smartphone, recorro aos lembretes e lá estava a resposta: 1 de Outubro eleições autárquicas. Será que esta história do mindinho adivinhar é mesmo verdadeira? Jorge Morais
 
                         Publicada no DN-M de 22.08.2017                                JN 15.09.2017
 
 
                                                                         Ilustração do leitor Paulo Pereira
 
 

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