sábado, 12 de agosto de 2017

Em pleno Agosto

Em pleno Agosto há alegrias a rodos. Os emigrantes visitam-nos. Há férias de sonho. Há cálidos amores de verão, dos quais só cinzas e desilusão restarão.
Mas, também há muito ranger de dentes, com dores profundas por tudo que se perdeu e que tanto custou a ter. Desde vidas humanas e bens perdidos para sempre, num luciférico holocausto provocado principalmente por acção criminosa.
Dizem-nos algumas mentes de tarar que a limpeza dos matos é premente, mas que fica muitíssimo dispendiosa. Dizem-nos também que a culpa é dos eucaliptos. Mas será isso mesmo?
Não haverá outros jogos de interesses altamente lucrativos para quem almeja ver anualmente a ‘época dos incêndios’?
E se – antes das ignições, e das projecções, e de todos o ventos demoníacos, e dos dias muito quentes -, militares, bombeiros, presos e todos os prestadores de serviços comunitários começassem a limpar o que nunca antes fora limpo? Não ficaria muitíssimo mais barato?
A actual sociedade de consumo desenfreado, aliada às famigeradas parcerias público privadas - em que os prejuízos são sempre derramados ao público e os altos lucros vão direitinhos para os cofres do privado -, é que são a ignição primária sob a égide da corrupta ‘época dos incêndios’.

José Amaral


3 comentários:

  1. Percebendo pouco de floresta, nomeadamente sobre o tipo de árvores e condições de solo, há no entanto duas coisas do seu texto. que gostaria de comentar, ambas sobre a limpeza dos terrenos que parece ser uma das causas, senão a primeira, dos fogos. Há portanto duas coisas a fazer: cadastrar os terrenos e saber de quem é a propriedade; depois, os que "não tivessem dono" passavam imediatamente para a mão do Estado. A partir daí vem quem faz a limpeza e parece-me óbvio que a os de particulares é da responsabilidade destes, a dos públicos , também é óbvio que é trabalho para o Estado. Agora que este último deva fazer a limpeza de todos, não concordo! Quanto à "mão de obra" será paga pelos proprietários de uns e de outros, mas não me parece que os bombeiros, no caso dos públicos, devam desempenhar esse papel. Porque razão? E os presos? Teriam que ser pagos, tenho a certeza, pois o facto de estarem presos não os torna obrigatoriamente "escravos".

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  2. Sobre incêndios... A Estratégia Florestal Nacional aprovada na Assembleia da República estabelecia que até 2006 deviam ser constituídas 500 equipas de de sapadores florestais. Em 2017, só temos 250 equipas... As equipas de sapadores são constituídas por 5 profissionais, que entre o Outono e a Primavera também têm a missão de limpeza da floresta, abertura de caminhos, recuperação de áreas ardidas, vigilância e articulação com autoridades quando detectam problemas. Na época de incêndios as equipas estão junto às áreas de florestas que conhecem, fazem vigilância e primeira intervenção quando o fogo é detectado. Agora por proposta do PCP o governo tem que apresentar um plano para criar as equipas que faltam até 2019. Privatizaram a PT, ficando Portugal sem o controlo duma empresa estratégica de telecomunicações, que tem graves responsabilidades nas falhas de Siresp e companhia... Privatizaram a Portucel empresa de celulose que detinha muita área florestal, contribuindo para que a sua gestão passasse a ser orientada para o lucro e colocasse de lado o interesse nacional na gestão da floresta. PS, PSD com ou sem CDS têm a responsabilidade de governar Portugal há mais de 40 anos, de resto... só não vê quem não quer, embora por vezes seja difícil com a areia que atiram para os olhos...

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  3. Aqui está um comentário bem esclarecedor e objectivo, o do amigo, Ernesto silva. E sem uma pedrinha de areia!

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