CARTAS AO DIRECTOR-(jornal Público 07janº2016)
As USF
Todos ou quase todos tem casa alguém a padecer de constipação e até de virose gripal que viaja de corpo em corpo e que um copinho de Douro fino ou de cachaça e mel não consegue aliviar. Neste estado frágil e de arrepios, pensamos ir à procura de tratamento mais eficaz. Assim caminhamos para as unidades de saúde familiar— as USF — tão badaladas e disseminadas quanto ineficazes,a atender em espaços exíguos
onde funciona a regra do tudo a monte e fé em Deus...
- 2ª publicação no DESTAK(truncado) págª19 - em 14/12/2017. Hoje no DN.madª na íntegra
As USF
16 DEZ 2017 / 02:00 H.
Já ando para abordar este tema há algum tempo, mas os dias têm vindo a ser ocupados pela preocupação em saber, como vou juntar migalhas para por na mesa, nesta época de Natal e de maleitas. Todos ou quase todos, têm em casa alguém a padecer de constipação com tosse mais ou menos seca, e até da virose gripal que viaja de corpo em corpo, e que um copinho de Douro fino, ou de cachaça e mel, não consegue aliviar. Então neste estado frágil e de arrepios, pensamos ir à procura de tratamento mais eficaz. Assim caminhamos ou não, para as Unidades de Saúde Familiar - as USF - tão badaladas e disseminadas quanto ineficazes, a atender em espaços exíguos onde funciona a regra do tudo a monte e fé em Deus. E é aqui que se encontra o mal da questão, que nos leva a pensar que elas foram implantadas para não sobrecarregar os Centros Hospitalares com coisas menores(!) de saúde, o que obriga o utente afectado e a precisar de cuidados médicos, a fazer em casa a sua própria avaliação( e a isso quase aconselhado), e a ser o primeiro a fazer o seu diagnóstico, para depois concluir para onde se deve dirigir à procura da cura. Isto se não ousar auto-medicamentar-se, como é costume fazer-se e o que a casa gasta. Pesado o mal e a indisposição que tal estado febril provoca com sérios prejuízos, o doente corre para onde lhe dão mais garantias de sucesso no atendimento. É que as USF, não servem se não, para medir a barriga, pesar o corpo, verificar a tensão arterial, fazer um curativo de ferida, e para requerer a prescrição de fármacos recomendados e indispensáveis, e de vez em quando para submeter a análise do médico de família (que não se pode perder), os exames clínicos mandados por ele fazer em consulta anterior, para prevenção ou detecção de algo suspeito, a que o médico não dará seguimento ou resposta adequada, por limitações várias, pois olha para eles como quem olha para o boletim do placard. É que as USF não servem mesmo para mais nada, e são um sorvedouro de dinheiro público, que saem caros aos contribuintes e utentes isentos e não isentos da taxa moderadora. Por isto é que as pessoas afectadas pela fruta da época, recorrem às urgências dos hospitais, entupindo-os, com queixas irritantes e incómodas, porque ficam impedidas de levarem a vida na normalidade que só a saúde permite, em busca da cura eficaz. E esperar por esperar, então que tal demora se faça no lugar onde se julga estar a solução para a doença sinalizada na auto-consulta, feita no domicílio pela vítima, e que são as Urgências Hospitalares. Quem entender que o povo deve encarneirar-se para e nas USF e o manter doente nos seus males, aí ou em qualquer outro lugar, deve ponderar melhor sobre se vale a pena apostar tamanho Orçamento Estatal, em tais unidades de saúde no estado de eficácia em que elas se encontram, e na capacidade de resposta que elas dão à população esmagada na dor.
Exagerado e com conceitos que não são correctos. Depois generalizar não é boa prática, há muitas USF.s que cumprem bem a sua missão, bem como os respectivos médicos de família.
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