Há quem veja
no futebol razão suficiente para alimentar a intransigência e a intolerância,
verdadeiros adubos do ódio. Nunca consegui perceber que possa ser assim praticada
uma actividade inventada para o convívio, para o despique natural entre
vontades legítimas mas opostas, visando o progresso humano através do desporto,
essa “escola de virtudes”. Vejo gente de grande inteligência e cultura a agir
de forma absolutamente irracional e fanática, pessoas dóceis por natureza a
comportarem-se como autênticos selvagens, pais contra filhos, irmãos contra
irmãos, e constato que alguma coisa falhou na evolução que trouxe o Homem ao
que é. Um jogo (voluntário) entre duas equipas deve apreciar a valia de cada
uma delas relativamente à da outra. Se é para ganharmos sempre, então que
defrontemos apenas parceiros de categoria inferior à nossa. Quererão os
benfiquistas, portistas e sportinguistas que os outros clubes se extingam, tornando-se
campeões do deserto? Creio que, bem lá no fundo, ninguém pensará assim, mas, na
verdade, já tudo me parece possível no reino do futebol.
A propósito,
que terá feito o Rodrigo Conceição, filho do treinador portista mas jogador do
Benfica, para merecer a bílis de adeptos do seu clube nas redes sociais,
quando, ao que parece, se limitou a ir à festa do pai? Que se cuidem os filhos
de Jorge Jesus e Rui Vitória!
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