Em conversas
mais ou menos intelectuais que surgem em horas de cavaqueira, vão dizendo:
porque não escreves sobre… e lá vem uma lista de problemas que as afecta
ou que entendem pouco e gostavam de ter mais informação. Para isso era
necessário que eu também estivesse mais esclarecida e ter certezas sobre o que
por aí se diz. Mas a quantidade de noticias que nos caiem em cima – seja
pelos jornais, rádio ou televisão – pouco tempo nos deixam para
procurarmos e assegurarmos a veracidade dos assuntos.
Mas uma
coisa que continua a espantar-me: é a proliferação de abertura de lojas
chamadas chinesas onde são postos à venda milhares de objectos que não servem
para nada. Ali ficam anos e anos a encherem grandes superfícies fora, claro, os
armazéns em enormes caves. Estas importações é dinheiro que sai e que vão
suportar as informações de que as nossas importações são superiores às
exportações. Expliquem-me: porque se importa imagens de nossas senhoras e
outros santos feitos no outro lado do Mundo? Não haverá artífices portugueses
que os possam produzir aqui nas nossas aldeias?
Também as
calças esfarrapadas - e dizem que alguns modelos até custam fortunas – é
uma moda (?) que me espanta que tenha a adesão de tanta gente. E esta gente não
são só novos – rapazes e raparigas – mas também muitos adultos que
deviam – quanto a mim – dar exemplo de bom gosto e não ir atrás de
pseudo modas a armar ao chique.
Estes
procedimentos para mim errados (tento não os seguir e a chamar a atenção dos
que me rodeiam) estão a suportar que lá longe, muito longe muita mão de obra de
crianças sejas explorada Se não importássemos, se não houvesse mercados, talvez
ajudássemos a mudar mentalidades daqueles longínquos responsáveis e a politica
daqueles países tivesse de seguir outros rumos.
Também não
consigo compreender como continua a haver, principalmente jovens, a espetarem
pregos no corpo e a cobrirem o corpo com “desenhos”. São práticas
muito antigas mas de povos e culturas que nada têm a ver connosco. Bem sei que
os portugueses foram dos primeiros a ir por esses mares fora à procura de
coisas novas mas sem o passado daquelas civilizações não consigo compreender
que se pintem e se espetem no nosso País.
Completamente
diferente das minhas incompreensões acima referidas mas que infelizmente vão
fazendo parte do nosso dia a dia sem possibilidade de corrigir na procura de um
mundo mais justo são as disparidades salariais já não só “entre os donos
disto tudo” e os seus trabalhadores mas até entre “estrelato”
e investigação cientifica. Tanto trabalho científico português, premiado e
aplaudido no Mundo que continua com dificuldade de meios materiais e até sem uma
divulgação nos meios da comunicação social de acordo com a sua real
importância.
Maria Clotilde Moreira
Jornal Costa do Sol - 31.10.2018
De vez em quando aqui temos a nossa amiga Clotilde, a falar-nos dos seus espantos. Esqueceu-se de, pelo menos, mais um! As bichas (continuo a dizer bichas) para comprarem comida de plástico. Isto, no país que tem uma das melhores gastronomias do mundo...
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