FAKE
NEWS
A notícia produzida, fabricada,
trabalhada com objetivo previamente definido. Combinando factos aparentemente
reais, alguns com forte aderência prática mas fictícios e/ou manipulados, os
produtores das fake news emprestam um
conteúdo agradável e coerente à notícia, divulgam-na pelos canais que
consideram os mais apropriados, escolhidos a dedo e minuciosamente combinados
para o efeito que se pretende. O intuito é previamente discutido ao pormenor,
trabalhado de forma minuciosa e de maneira atenta. Utilizam títulos apelativos,
atraentes ou não, conforme o objetivo que se pretende. O fabrico/produção da fake news é contínuo e estuda com
minúcia o feed back obtido após as
divulgações iniciais. Nada é deixado ao acaso. Apresentadas como factualmente
corretas para atrair mais população, não têm base real ou a realidade é forjada.
Numa sociedade que olha para a floresta e não vê a árvore, as fake news dificultam o trabalho do
jornalista sério e honesto que noticia o real com base no que observa e com
algum grau de subjetividade próprio de que tem personalidade.
Diferente das fake news é a falsa notícia. Na fake
news a intensão e o propósito são importantes e toda fake news, desde de a sua conceção até há sua divulgação final, é
trabalhada em função daquilo que o seu produtor pretende. Por seu lado, a falsa
notícia não tem outra intenção ou propósito prévio a não ser o de informar com
total objetividade e isenção. É falsa porque parte de erros, enganos, omissões,
superficialismo na identificação das fontes, infantilidade do jornalista ou do
órgão de informação que a transmite. Ao contrário da fake news, a falsa notícia não é forjada nem procura manipular.
Também as sátiras e as paródias (mentiras do dia um de abril) não se confundem
com as fake news. A sátira e a
paródia vestem a notícia com a roupagem do palhaço, acrescentam comentários,
argumentos, desenhos, cores com o objetivo de ironizar, de provocar a diversão
e não de enganar. Mas cuidado, o fabricante/produtor da fake news pode utilizar sátiras e paródias para conseguir os seus
objetivos. Pode incluir uma sátira na construção/fabricação da fake news tornando-a mais apelativa,
mais atraente para abrir e/ou desimpedir caminhos de divulgação.
Ao longo da história quase que se pode
confundir fake news com mentira.
Hoje, com o irromper de meios de comunicação social de fácil, instintivo e
imediato acesso, a fake news é
muitíssimo mais que uma mentira. É uma notícia falsa produzida/fabricada para
se atingir objetivos com impacto social. É um embuste que se reproduz e se
multiplica por uma miríade imposturas capazes de influenciar e induzir engano
na opinião pública. A fake news é
peçonha inoculada na sociedade. É um corpo resistente à sua confirmação e ao
seu contraditório. Quase me atrevo a afirmar que não existe terapia para a fake news porque um dos seus principais
objetivos é lançar a dúvida e esta, uma vez lançada, segue o seu caminho e não
termina podendo acabar tarde demais.
O cultivo, em pequena e grande escala, do
diferente social e a divulgação cultural são desafios a fomentar e a continuar
para que o espirito crítico e o conhecimento ajudem a sociedade a ler/ouvir/escutar
a notícia evitando o viés, o preconceito e o estereótipo. Evitar julgamentos
conclusivos e atestar a concordância, a conformidade e a coerência da notícia
confrontando várias fontes, são atenções que se pedem ao leitor/ouvidor
interessado numa sociedade democrática, livre e sem medos disseminados.
Difundir conceitos sem máximas são ajuda que vale ouro.
Por outro lado, o jornalismo sério
obriga a uma boa dose de paciência, a algum estudo e a muita consulta. A
informação jornalística séria é um arquivo de consulta a alertar e a facilitar
um conhecimento abrangente. No mundo atual, num misto de entretimento e
informação, abundam as notícias superficiais com tendência para o acessório ou
para o relato exaustivo e repetitivo do que promete audiência. A transmissão de
histórias chocantes de miséria humana desviam a atenção do essencial e fomentam
sensações instintivas e indignações dramáticas. O leitor/ouvidor habitua-se ao
comentário fácil, emotivo, fica um cliente picuinhas em vez de pensador crítico.
Está criado campo fértil para que as fake
news nasçam e façam o seu caminho. Promover um jornalismo sério é um
desafio social que requer resiliência por parte do jornalista e das empresas de
comunicação social. Em si, por si só a notícia é indiferente e a sua divulgação
desinteressada. Mas a sociedade clama pela informação, quer ouvir/ler notícias,
quer saber e a mídia deve responder a essa chamada com total isenção e
imparcialidade, como se pela primeira vez estivesse a trabalhar o assunto.
Jornalismo é serviço público negação absoluta de conversa particular.
Manuel José Martins
Bem-vindo ao blogue.
ResponderEliminarE, naturalmente, abaixo as fake news.
ResponderEliminarUm bom texto, reflectido e para reflectir. A diferença entre mentiritas anodinas e fake news é relevante.
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