quinta-feira, 29 de novembro de 2018


Como qualquer mercadoria...


É terrível o drama das pessoas que se vêem confrontadas com aumentos da renda de casa à vontade do senhorio e não têm rendimentos que lhes permitam responder a tais exigências; e com a desregulação que tem havido por todo o lado, a voracidade dos proprietários encontra caminho livre para todas as exigências.

E não parece haver argumentação para a dialética de quem diz que não lhe cabe proporcionar aos cidadãos habitação a preços baixos, porque o investimento feito
na construção dos edifícios não se recupera dessa forma, cabendo ao Estado, sempre o Estado, pagar o diferencial do que o inquilino pode pagar e o que o senhorio quer.

Aqui ao lado, onde os despejos por impossibilidade de pagar a renda exigida têm aumentado, também aumenta a indignação contra os “fundos abutre” que estão por detrás desses despejos; é que essas máquinas destruidoras da paz social ainda têm a seu favor a lei, que dispensa um oficial para, juntamente com a polícia, bater à porta de quem é despejado e pô-lo simplesmente na rua.

Ao verificar ontem que ia ser expulsa da sua casa, em Madrid, onde vivia sozinha há  anos, uma senhora idosa atirou-se da janela do quinto andar, tendo sofrido morte instantânea; perante a tragédia, os serviços sociais esclareceram que a senhora havia pedido ajuda mas ainda não tinha sido decidida, tendo o sindicato dos inquilinos lembrado que, perante a selva instalada, mais mortes vão acontecer, que não são suicídios, mas assassinatos!


Amândio G. Martins

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