terça-feira, 20 de novembro de 2018

Doentes mentais


O que é que leva uma pessoa que, certamente, já tem tudo o que o dinheiro pode comprar, possuidora de muitos milhões, a querer arriscar-se a um desprestígio enorme, levando a uma queda aparatosa do pedestal que muitos lhe ergueram para lá o colocarem? Provavelmente, só acrescentar mais uns milhõezitos ao pecúlio “arduamente” angariado ao longo de uma vida de sacrifício e entrega total ao trabalho. Ambicionaria Carlos Ghosn, “patrão” todo-poderoso da Renault-Nissan-Mitsubishi, comprar um Ferrari (provavelmente não, porque seria fazer publicidade à concorrência), passar a viajar em jacto privado em vez de partilhar a incomodidade dos aviões comerciais, comer caviar às colheradas, melhorar as prendas de Natal dos netos, se é que os tem? Que raio de coisa quereria ele que, assoberbado no trabalho ininterrupto, de sol a sol (do dia seguinte), nem tempo tem para um pequeno desvario  que lhe saia do bolso? Com todo o respeito pelos autênticos doentes mentais, ninguém me convence que Ghosn não tem um forte desequilíbrio da mente, impregnado do sacrossanto princípio neoliberal de que se se pode ter mais, deve-se fazer tudo para consegui-lo. A acumulação desbragada é um vício de personalidade e, para mim, revela que o personagem em questão, além de doente, é um rematado parvo: pensava que escaparia para sempre, sem ninguém dar pelo roubo?

JN - 12.12.2018 (com muitas alterações, incluindo o próprio título "Este Carlos já não é magno").

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