Não sei se o famoso articulista tomou (sem ofensa) o freio nos dentes e se entusiasmou com a notoriedade que lhe deram e a publicidade que lhe tem sido feita, passando a considerar legítima toda e qualquer opinião, na condição de vir de si próprio. Deve estar mais ou menos seguro quanto a uma possível “destituição” do novel cargo, porque, penso eu, nunca tal aconteceu. Mas, com crónicas como a que publicou hoje no Público, não sei se não deveria pensar duas vezes. Bem sabemos que Marcelo é um bonacheirão que nunca faria figuras tristes, mas…
Não é que o “nosso” JMT, para desenvolver a sua profundíssima tese, se socorre do não menos valoroso “filósofo” Camilo Lourenço? E para quê? Para provar que, em Portugal, não há racismo, porque o militar mais condecorado da nossa História (esqueceu-se de dizer por quê e por quem) é um negro, Marcelino da Mata de seu nome, de quem os mais velhos se recordarão, sobretudo os que passaram pela Guiné.
Acenar com Marcelino da Mata para, parafraseando o seu “mentor”, concluir que “Portugal não é um país racista”, faz-me lembrar Marcello Caetano que, para provar que Portugal não tinha censura, dava o exemplo da existência do “Comércio do Funchal” (o do Vicente Jorge Silva, lembram-se?).
Sobre os “crimes de guerra” do Marcelino, passou como gato sobre brasas, porque não os conhece, nem tem forma de saber. Mas, c’os diabos, isso é um pequeno detalhe, não compensa o trabalho, não importa. Caiu-me fundo foi o pungente apelo de JMT: dêem voz ao homem.
Mas, por favor, afastem-no das armas, digo eu, porque, mesmo aos 78 anos, nunca se sabe...