- “Numa sociedade democrática como a nossa, as figuras públicas têm de aceitar as críticas no domínio da opinião política, social e cultural. E essas opiniões críticas, numa sociedade democrática, não precisam de ser ponderadas, bem-educadas ou de bom gosto para serem legítimas. Podem ser violentas, mal-educadas, contundentes e até profundamente injustas”.
- “Os políticos e os comentadores devem poder exprimir com a maior liberdade as suas opiniões, por mais radicais que sejam, assim se garantindo o livre funcionamento de uma sociedade democrática”.
Este blogue foi criado em Janeiro de 2013, com o objectivo de reunir o maior número possível de leitores-escritores de cartas para jornais (cidadãos que enviam as suas cartas para os diferentes Espaços do Leitor). Ao visitante deste blogue, ainda não credenciado, que pretenda publicar aqui os seus textos, convidamo-lo a manifestar essa vontade em e-mail para: rodriguess.vozdagirafa@gmail.com. A resposta será rápida.
sábado, 8 de junho de 2019
Críticas
3 comentários:
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Então “ vale tudo” em nome da liberdade de expressão?
ResponderEliminarNão posso concordar- digo eu !
E recorro, mais uma vez, ao paradoxo da tolerância de Popper :
“ A tolerância ilimitada leva ao desaparecimento da tolerância. Se estendermos a tolerância ilimitada, mesmo para aqueles que são intolerantes, e se não estamos preparados para defender uma sociedade tolerante contra o ataque dos intolerantes, então os tolerantes serão destruídos e tolerância com eles. - Esta formulação, não implica que devemos sempre suprimir as filosofias intolerantes, contanto que possamos combatê-las por argumentos racionais e mantê-las sob controle pela opinião pública.
Mas devemos reivindicar o direito de suprimi-las, se necessário até mesmo pela força, e isso pode facilmente acontecer se elas não estiverem preparadas em debater no nível de argumentação racional, ao começar por criticar todos os argumentos e proibindo seus seguidores de ouvir argumentos racionais, devido ela ser uma filosofia enganosa, ensinando-os a responder a argumentos com uso de punhos ou pistolas.
Devemos, portanto, reivindicar, em nome da tolerância, o direito de não tolerar os intolerantes. Devemos enfatizar que qualquer movimento que pregue a intolerância deva ser colocado fora da lei, e devemos considerar a incitação à intolerância e perseguição devido a ela, como criminal, da mesma forma como devemos considerar a incitação ao assassinato, ou sequestro , ou para a revitalização do comércio de escravos como criminoso”
Começo por lhe agradecer o contraponto, que, certamente, nos vai ser muito útil.
Eliminar“Vale tudo”? Obviamente, não. Como escrevi, logo no segundo período do meu texto, as críticas “devem ter limites”. O grande problema é conseguir defini-los com precisão.
A sua oportuníssima (?) citação de Popper leva-me a considerar que os nossos cenários são diferentes. O meu restringe-se à normalidade democrática em que, felizmente, vivemos, não o de um ambiente em que se suscitam medidas de excepção, como em tempo de guerra, chegando mesmo a banalizar os punhos e pistolas, o assassinato, o sequestro, o comércio de escravos. Valha-nos Santa Engrácia, apenas falei do direito à crítica nas plataformas públicas, especificando jornais, TV’s e redes sociais, incluindo os blogues.
Ademais, a vulgarizarmos o paradoxo - hélas! paradoxo... - podemos estar a abrir as portas a tendências censoriais. Aqui, não tenho dúvidas, prefiro sempre a liberdade de expressão à Censura. Tem perigos? É evidente que sim, mas o que é necessário é que tenhamos argumentos racionais para combater a irracionalidade. Não é verdade que qualquer um de nós pode comprar, hoje, em liberdade, o Mein Kampf?
O texto de que se socorreu versa o tema importantíssimo da tolerância. De facto, ele toca, aqui ou ali, naquele que eu abordei, a liberdade de expressão em órgãos de comunicação. Mas não são, claramente, temas coincidentes, quanto mais não seja na abrangência. Talvez um deles abarque o outro, mas tem de haver diferenças no tratamento, coisa que Popper, pelo menos no extracto que nos ofereceu, não fez. Nem tinha de fazer, acrescento eu. É capaz de ir mais no sentido de “nenhuma liberdade para os inimigos da liberdade”, que eu, em certas condições, posso aceitar, mas num contexto completamente diferente daquele em que o artigo de Teixeira da Mota se situa.
Devemos reivindicar o direito de não tolerar os intolerantes? Ciente de que me deixei “arrastar” para a questão da tolerância, mais vasta do que a que eu tratei, deixe-me dizer que, aí, existe sempre um perigo enorme, que é o de saber quem e como se decreta que este ou aquele é intolerante. Já vimos erros suficientes no passado, não esqueçamos.
Mas desçamos à terra, isto é, ao artigo de Teixeira da Mota, que, estou certo, não deixou de ler. Se Berardo e Neto de Moura exercerem o seu legítimo direito de processarem quem os criticou, levando os eventuais recursos às últimas instâncias (no caso, o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos) têm grande probabilidade de ver gorados os seus esforços, com a agravante de, caso ganhem algum desses processos intermédios em terra nacional, isso vir a constituir “uma mancha na nossa democracia”.
Falando de veículos de comunicação públicos, continuo a pensar que (parafraseando ocasionalmente, e mais uma vez, Teixeira da Mota), “quem não quer ser lobo, não lhe veste a pele”. Quer dizer, se vimos aqui ao blogue expor opiniões, devemos estar cientes de que nos estamos a colocar na posição de ser criticados. Como eu, que escrevi este “post”, e me arrisquei a levar com o veemente “não posso concordar” da Lúcia que, ainda por cima, me arremessou com toda a força com o Popper. Mas ainda bem, porque me deu a possibilidade de afirmar várias coisas, e ainda mais esta: penso que as sociedades devem ser tolerantes, mas não indefesas.
O texto do José e o comentário da Lúcia, dão "pano para mangas" de discusssão. Se o que escreveu o Dr. Teixeira da Mota me parece excessivo pela liberdade que "dá" a todo o tipo de forma com que a crítica se exprime ( e aqui a Lúcia terá razão), também me pareceu que o que o José perseguiu é nobre nos intuitos. Além disso, também me pareceu que os dois falavam de gente diferente. O José "democratizou" os intervenientes e os campos de confrontação e a Lúcia estaria a pensar "alto", num plano ideológico e político/social, em quem Popper pensou também. O José pensaria nos comentadores e políticos, mas ainda em gente "banal" e, dentro destes, nos "burros" ( e aqui. meu caro José,não há democracia que surta efeito)). A Lúcia elevou a fasquia. Assim, "sobre o joelho", foi o que entendi, mas a conversa foi interessante.
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