Em Portugal, o dia
do infante, também chamado miúdo, é 1º de junho. No Brasil, adotou-se o 12 de
Outubro, que é feriado nacional em homenagem à padroeira, Nossa Senhora
Aparecida.
20 de Novembro
marca, no calendário, a data universal comemorativa da criança, com ênfase
especial ao respeito a seus sagrados direitos e também registra, coincidentemente
, para a eterna memória do povo brasileiro, o dia da consciência negra, como
reconhecimento do grande valor de uma estirpe humana, cujos descendentes,
submetidos, desde à infância, à crueldade da escravidão, muito contribuíram
para o desenvolvimento econômico de nosso País, e ainda sofrem, na atualidade,
os efeitos de uma lamentável discriminação, embora esta se prenda mais à
situação de pobreza dos negros.
Antes da abolição da escravatura no Brasil,
feita sem a prévia mudança no sistema agrário preconizado por Joaquim Nabuco
para amparar os libertos, editou-se um diploma legal denominado lei do ventre
livre, após cuja vigência, toda criança nascida de escravo ficaria liberta. Foi
um bem que resultou no mal: começou aí a existência de criança abandonada, em
virtude da falta de assistência material por parte do senhorio que perdera o
direito de propriedade.
A criança precisa ser
alvo dos maiores cuidados para sua boa educação, que, segundo Napoleão
Bonaparte, deveria começar vinte anos antes dela nascer. Tudo se pode fazer
eficazmente por ela, nos três primeiros anos de sua existência, porque, nessa
tenra idade, é bastante receptiva e, como um livro de páginas brancas, muito se
pode nele facilmente escrever.
Os espíritos divinos
criados por Deus estão chegando ao planeta Terra, numa época de dolorosa transição
para uma melhor situação evolutiva. São muito inteligentes e hábeis em todos os
setores culturais modernos, mas muito carentes de assistência moral que as
escolas tradicionais não são capazes de oferecer, e, sim, o núcleo familiar.
Sobre este assunto, tive a oportunidade de assistir a uma magistral palestra
(06/08/19) do ilustre médico, pensador espiritualista cristão e professor
universitário, Joaquim Tomé de Souza.
Ao contrário do que
muito se apregoa e até se combate, inclusive com dispositivos legais, algum
tipo de atividade laboral, desde que não prejudique a presença na escola e os
divertimentos, é sempre bem-vindo. Ela não deve, entretanto, ser atendida em
todas as suas vontades: os limites são necessários, não apenas o “sim”, mas
também o “não”.
Faz-se necessário
ensinar as crianças, com argumentos razoáveis, a obediência à disciplina,
inclusive quanto ao uso de aparelhos de comunicação, sobretudo o telefone
celular, cujo manejo elas exercem com grande maestria, na mais tenra idade.
Nesta época de tanto
abuso à criança, torna-se imperioso lembrar a drástica sentença de Jesus Cristo
(Mateus, 18.5-6), segundo a qual, melhor seria para o corruptor que se lhe
atasse uma pedra no pescoço e o lançasse às profundezas do mar. Vale dizer, teria
sido melhor espiritualmente para ele uma violenta morte do que a continuidade
da vida comprometida pela grande iniquidade, porquanto a lei de causa e efeito
que rege nossos destinos é implacável e exige reparação através de intensa
atividade na esfera do Amor ou no resgate da dor do sofrimento, como se pode
ver na carta do apóstolo Paulo aos Gálatas (6:7-8).
Ao final dessas
linhas, deixo aqui um soneto em redondilha maior (versos de 7 sílabas), escrito
no outono de 1988, expressando a ideia de que dentro da criança está o reino
dos céus.
ALMA DE CRIANÇA
Como foi sábio
Jesus,
Ao vislumbrar, na
criança,
O roteiro de
esperança
Para o encontro da
luz!
Na alma do infante,
lembrança
Alguma a ódio
conduz;
Ali sempre mora a
confiança
Que apenas amor
produz.
Longe de toda a
ambição,
Vazio é seu coração
Do mais singelo
conflito.
Cheio, porém, de
ternura,
Abraça a grande
ventura
Na aliança com o
infinito.