sábado, 30 de novembro de 2019

A Voz da Girafa: Se é mesmo o que parece......Luís Henrique, sele...





Cultivar o negativo e a socapa é
um imperativo nos dias de hoje. É uma questão de sobrevivência. E é agradável
porque a massificação permite manter o status.
A sociedade afirma-se pelo negativo. O humano vale tanto mais quanto mais consegue
desvalorizar o seu semelhante.

Se é mesmo o que parece...


...Luís Henrique, seleccionador espanhol de futebol, acaba de cometer uma “filhadaputice” que ninguém entende, e o que parece é ciumeira pelo bom trabalho do adjunto. De facto, na sequência das trapalhadas daquele “Lopetretas” que já por cá andou também e que, tendo chegado a  seleccionador espanhol, levou Rubiales, presidente federativo, a um ataque de nervos, depois que se soube que tinha assinado pela calada um contrato para treinar o Real Madrid, mandando às urtigas a ética, o presidente federativo foi desencantar um tal Luís Henrique, sujeito vulgaríssimo que, se não estaria mal para um clube da Catalunha, para seleccionador espanhol foi mesmo uma aventura porque, como acaba de demonstrar, falta-lhe o que é fundamental a qualquer homem: Carácter.

Afectado por uma tragédia familiar, o tal do Henrique pediu dispensa temporária de funções, propondo para o substituír Robert Moreno, seu adjunto, que foi aceite; e este rapaz saiu-se tão bem da tarefa de que foi incumbido que a selecção, sob o seu comando, não perdeu qualquer jogo, tendo-se qualificado para o Europeu.

Passados seis meses, Luís Henrique apresentou-se ao serviço, tendo Robert Moreno dado um passo ao lado e prontificando-se a regressar à posição de adjunto mas, para espanto da nação futebolística espanhola, o seleccionador disse-lhe que não contava com ele, que fosse tratar da vida para outro lado; querendo todo mundo saber porquê, Luís Henrique respondeu assim: “A ambição descontrolada, para mim, não é uma virtude, é um grande defeito”. E ninguém percebeu nada.


Amândio G. Martins




sexta-feira, 29 de novembro de 2019


De voto em voto Portugal vagueia sem memória
ânsia sem jeito em terra removida; nem o bom senso
seus avós em vermelho e verde cravam sua História
grito escondido ouve-se em agudo e tamanho silêncio
Erário de acoitos em ámen e conveniência
ao longe marina névoa em língua portuguesa cantada
recados avisos inundam vossa santa aparência
vede o Mundo que vos foi dado de mão adiantada

Europa esse teu jeito é nó górdio em desdém de mil faces
teu destino ao Mundo entregaste, do Mundo o recolheste
atreve-te já, página escrita em branco, oh indecisão

Língua portuguesa, Portugal a chamar desenlaces
alma ardente peregrina, Mundo que o Mundo tiveste
chama indelével sustem para sempre o halo da visão

Manuel José Martins

Destruír comida para manter os preços!...


“O cheiro da podridão enche o país. Queimam café como combustível de navios; queimam trigo para aquecer; atiram batatas aos rios, colocando guardas ao longo das margens para evitar que o povo faminto as vá pescar; abatem porcos, enterram-nos e deixam a putrescência penetrar a terra.

Há um crime nisso tudo, um crime que ainda não foi denunciado; há uma tristeza nisso, uma tristeza que o pranto não pode simbolizar; há um fracasso que opõe barreiras a todos os nossos sucessos. À terra fértil, às filas rectas de árvores, aos troncos vigorosos e às frutas maduras. Crianças sofrendo de pelagra, têm que morrer, porque a laranja não deve deixar de dar o seu lucro; os médicos legistas devem declarar nas certidões de óbito: “morte por inanição”, porque a comida deve apodrecer, deve ser forçada a apodrecer.

O povo vem com as redes para pescar as batatas, e os guardas impedem-no; os homens vêm nos carros barulhentos apanhar as laranjas caídas no chão, mas as laranjas estão untadas de querosene. E ficam imóveis, vendo as batatas passarem flutuando; ouvem os gritos dos porcos abatidos num fosso e cobertos de cal viva; contemplam as montanhas de laranjas, num lodaçal putrefacto. Nos olhos dos homens reflecte-se o fracasso. Nos olhos dos esfaimados cresce a ira. Na alma do povo, as vinhas da ira diluem-se e espraiam-se com ímpeto”.

Nota – Transcrito do livro anexo.


Amândio G. Martins

quinta-feira, 28 de novembro de 2019

Ela destaca-se!


- A deputada eleita pelo partido, Livre, arrasta consigo a polémica. A sua eleição para a "casa da Democracia", o Parlamento, escureceu todo e qualquer debate que ali se pretende seja de esclarecimento e entendimento, de modo a servir quem a elegeu, e quem a aceita com todos os direitos e garantias, e que não olham para cores nem bandeiras partidárias. O País está primeiro. Mas Joacine Moreira, já deu mostras de que não é flor que se cheire. Revela mau feitio e mau encaixe político no partido que a sentou no Parlamento. Ela agora julga-se independente, e não respeitadora das posições que o Livre defende. Como não é possível removê-la do lugar que legalmente ocupa, e como não parece possível evitar que ela regresse às gafes cometidas, como foi a posição tomada na questão da condenação de Israel, nós aconselhamos ao Livre, que tenha paciência, e alguma esperança, que Joacine Moreira, abandone o lugar por sua livre e expressa vontade, e parta para o Katar. Se ela pretender um segurança descaracterizado para a acompanhar, a fim de evitar que os jornalistas a perturbem na viagem, ela que leve consigo o seu fiel assessor. A Al-Jazzera aguarda-a. Por aquela área, há lá mais camelos do que por cá!*

-*(DNot.29-11)
-*(SÁBDº.05-12)
-*(IMEDTº 06-12)
-*(JN-11.12)

Difícil correr com o bicho...


Acerca da tentativa de impugnação de Trump, a correr os seus termos, a Time traz um trabalho de duas páginas, da autoria de David French, de que transcrevo alguns apontamentos.


“É compreensível que a gravidade de que se reveste a impugnação de um presidente leve muitos americanos a questionar porquê agora, se mesmo que o homem tenha cometido erros graves, só falta um ano para novas eleições, podendo os eleitores escolher um outro presidente?

The answer is short: because Trump´s corruption could have had profound consequences.
                                               (...)
Precisamos de “Commanders in Chief” com pensamento estratégico e motivados pelo o interesse nacional, não um ignorante, impulsivo, vulnerável a teorias de conspiração e movido por interesses meramente pessoais”.


Amândio G. Martins


quarta-feira, 27 de novembro de 2019

A LÍNGUA PORTUGUESA JÁ TEM O SEU DIA MUNDIAL- 5 DE MAIO


A Organização das Nações Unidas a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), estabeleceu nesta segunda feira (25/11/2019), o dia 5 de maio como dia mundial da nossa querida língua portuguesa, atendendo uma antiga reivindicação dos países lusófonos, para o gáudio de seus mais de 260 milhões de falantes.

Estou publicando acima para comemorar este evento, um vídeo, que traz uma lindíssima música (fado), cantado por Gonçalo Salgueiro, musicado por Carlos Gonçalves, tendo como tema (letra) o famoso poema (soneto) do grande Camões: Alma Minha Gentil, que te partiste.   


Como saber em quem confiar?...


Parece-me bem preocupante saber-se que há, em todos os sectores da sociedade, e onde menos se espera, gente que não presta, que acede a lugares de relevo já com a ideia premeditada de se aproveitar da situação para obter lucros pessoais ilícitos; e o caso revelado agora pelo JN já surpreende pouco, ou não surpreende mesmo nada.

Uma fulana que se preparava para assumir funções na magistratura, tendo já concluída a parte teórica no respectivo Centro de Estudos Judiciários, e agora a estagiar num tribunal, fazia parelha com um GNR para burlar idosos, o que permitia aos dois vigaristas viver num apartamento de luxo, roupas e carros de marcas famosas, enfim, viver à grande à custa do sacrifício alheio.

“Os juízes mandam nesta merda toda”, dizia um deles à mulher, que o acusava de violência; “Os juízes são as pessoas menos confiáveis que conheço”, dizia outro, já desembargador, num programa televisivo; esta mulher prestes a ser juíza roubava descaradamente gente fragilizada. Creio que ficaríamos todos muito assustados se conhecêssemos a real qualidade dos homens e mulheres que nos tribunais decidem da vida das pessoas que lá vão parar...


Amândio G. Martins

terça-feira, 26 de novembro de 2019

Champions

- a Juventus de Sarri acaba por ganhar o jogo que a equipa de Turim fez esta noite contra a equipa do Atlético de Madrid de Simeoni. Se a Juve tinha Cêérezinho 3.5, já os castelhanos tinham o joãozinho dos 120 milhões. Mas se não fosse o melhor jogador dos torinos a resolver a partida, o argentino Dybala, aquele que confirma o que nós vimos dizendo, bem a Juve podia esperar sentada no banco, se estivesse à espera do cr 3.5 e o seu "brilhantismo", que mais uma vez jogou o que sabe. Ou seja, um futebol medíocre. Esta nota que registo aqui é só para a assinalar o fracasso do "tão querido ilhéu", que alguns falhados "poetas" cantam a sua inventada genialidade, ou o desculpam com uma imaginária lesão, que tanto pode ser no joelho como na cabeça. Isto foi o que nós já dissemos, se bem se recordam. Os poetas deste blog, talvez já estejam a criar um soneto, que pedem emprestado ao Camões, ao jeito de JJesus divino, agora mais badalado na Terra e a falar a "língua dominante"- o brasileiro. Resultado final. - Dybala 1- cr3.5- 0 e JFélix 0. Isto talvez agrade a todos os sonhadores vazios de qualquer talento em rimas, como de entendimento em Futebol;

Sabe o que é um terraplanista?

É alguém que acredita que a Terra é plana. Só no Brasil, há 14 milhões de crentes. Fora o Bolsonaro.

25 de Novembro

Se alguém quiser comparar o 25 de Abril com o 25 de Novembro, não conte comigo. Muito menos para diluir o segundo no primeiro. Por razões óbvias, a maior das quais é ter sido o 25 de Abril que terminou com uma ditadura de quase 50 anos, enquanto o 25 de Novembro foi a vitória dum sector que impediu que uma nova ditadura, de sinal contrário, viesse substituir aquilo que Abril interrompeu, mas agora já em democracia. Dito isto sinto-me à vontade para estranhar que o PÚBLICO de ontem - 25 de Novembro - não traga uma única palavra sobre esta data e o seu significado. Uma sequer, excepto... no cabeçalho do jornal! Uma notícia, uma nota, um artigo de opinião... nada! Politicamente correcto, anomia ou somente... desatenção?

Fernando Cardoso Rodrigues

PÚBLICO de 26/11/2019

OS PAIS E O CAPITALISMO


Os pais (a maioria) fazem tudo para que os filhos triunfem no Império. Exigem-lhes boas notas escolares, os melhores empregos, o estatuto superior, o maior poder, a maior riqueza. Estragam-nos. Tantas vezes os levam à depressão, à perda da vitalidade, da originalidade, da criação própria. Ou transformam-nos em monstros escravos do poder e do dinheiro, sem coração nem alma, em ferozes competidores na arena do capitalismo. Afastam-nos do amor, da liberdade, de Jesus, da vida. Solidificam a sociedade da rapina.

Predadores


Nem sentimos a falta de músicos
Na bela orquestra da Natureza
A tal vai a estéril avareza
Como se por cá fôssemos únicos...

Uns meros ocupantes abúlicos
Em tempo de terrível incerteza
Já só olhamos a cama e mesa
Como desalmados seres lúbricos.

Quanto mais demorarmos a perceber
Que é mau o que andamos a fazer
Mantendo irresponsável desleixo;

Sendo a espécie mais predadora
Não teremos para aonde ir embora
Quando tudo saltar fora do eixo!


Amândio G. Martins

Tanta preocupação

Macron e mais seis governantes europeus manifestam-se muito preocupados com as regras de admissão da Macedónia do Norte e da Albânia à União Europeia. Eu aconselho-os a não se preocuparem. Não falta quem as desrespeite, já lá dentro, e nada acontece. Que o diga a Hungria.

segunda-feira, 25 de novembro de 2019

25 de Novembro...

Não é esse. É o outro: o Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres. É hoje. Também aqui no blogue.

Fernando Cardoso Rodrigues

Perplexidade sim, mas depois...

No início deste diferendo entre o Livre e a sua deputada Joacine Katar Moreira, realmente o que assomou à cabeça de muitos de nós - eu incluído -  foi a perplexidade. Mas o desenrolar dos acontecimentes, junta àquela um desgosto e uma preocupação que ainda serão mais penosos. Depois de "comunicado para cá, comunicado para lá", com razões surpreendentes e/ou "ingénuas" aduzidas, aparece uma reunião da Assembleia do Livre que mantem a Joacine como deputada mas... o assunto passa ao Conselho Jurisdicional! Dizendo que "está tudo bem"! Rui Tavares bem tenta, esbracejando, apelar a que só nos foquemos no programa do Partido e "reduz-se" a um simples militante, mas... as coisas vêem-se, não é? E têm consequências, ora se têm. Neste imbróglio há ainda uma coisa surpreendente: muita gente dizia que o Livre estava a ser "ultrapassado pela esquerda" pela Joacine, mas agora... foi esta que, ao abster-se na questão dos colonatos em Gaza, se desviou para direita! Como é, isto não tem sido dissecado mas terá que o ser, não é?
Numa nota final, direi que " o que torto nasce..." e confesso que me agradava um Livre com pensamento social de esquerda, verde e europeísta. Mas ,dado estas coisas recentes, começo é a ver uma trapalhada inconsequente que nada traz de bom.

Fernando Cardoso Rodrigues 
Brutal!!! De arrasar!!!

Chegou, viu e venceu...
Bastaram 4 meses. Na pátria do futebol.
Homem de origem e cultura modestas, não se deixou abater pelas críticas de mentecaptos invejosos.
Nas comemorações, não esqueceu o seu país e a sua gente.
Grande JJ, orgulho de (quase) todos os portugueses.

Saudações entusiásticas à grande nação irmã, especialmente à enorme torcida Urubú.

José Valdigem


Em meados do século passado...


...Pensava assim John Steinbeck:  "Não sei o que nos reservam os anos que estão para vir. Preparam-se monstruosas transformações, forças extraordinárias desenham um futuro cujo rosto desconhecemos. Algumas delas parecem-nos perigosas porque tendem a eliminar o que consideramos bom. É bem verdade que dois homens juntos levantam mais facilmente um peso do que um homem só.Uma equipa consegue fabricar automóveis mais rapidamente e melhor do que um homem só. E o pão que sai duma fábrica é menos caro e de qualidade mais uniforme do que o do padeiro.

 Quando a nossa alimentação, a nossa vestimenta e os nosso tectos forem apenas o fruto exclusivo da produção estandardizada, chegará a vez do pensamento. Toda a ideia que não obedecer a uma bitola deverá ser eliminada. A produção colectiva ou em massa entrou na nossa vida económica, política e até religiosa, de tal modo que certas nações já substituíram a ideia de Deus pela de colectividade. A tensão é grande. O mundo caminha para o seu ponto de ruptura.
                                                    (...)
A nossa espécie é a única criadora e dispõe de uma só faculdade criadora: o espírito individual do homem. Dois homens nunca criaram nada.Não existe colaboração eficaz em música, em poesia, nas matemáticas, na filosofia. Só depois de se ter dado o milagre da criação é que o grupo o pode explorar. O grupo nunca inventa nada. O bem mais precioso é o cérebro isolado do homem.
                                                           (...)

Eis o que penso: o espírito livre e curioso do homem é o que de mais valioso há no mundo. E por isso me baterei: a liberdade para o espírito de tomar a direcção que lhe apetecer. E contra isto me baterei: qualquer ideia, religião ou governo que limitar ou destruír a noção de individualidade. Compreendo perfeitamente porque é que um sistema baseado numa bitola considera seu dever eliminar a liberdade de espírito: é que só ela, através da análise, pode destruír o sistema. Sim, compreendo tudo isto muito bem e tenho-lhe ódio, e sempre me baterei para preservar a única coisa que nos coloca acima dos animais que não criam. Se a graça puder ser destruída, estamos perdidos”.


Transcrito por Amândio G. Martins
















Ó Joacine

Deixas-me ficar assim tão mal, a mim, que tanto torcia por ti? Porquê?

domingo, 24 de novembro de 2019

Novembro antítese de Abril


O cinismo e o paternalismo
políticos, com que os enviesados 
novembristas de 1975 nos têm 
impingido sobre a correcção do 
25 de Novembro pelo «desvio» 
do 25 de Abril, é uma
afronta demagógica! Aquela 
data não foi, não é e jamais será
a reposição do espírito do 25 de
Abril. O inverso está à vista e 44
anos depois o darwinismo social
instalado é miserável!
É curioso, durante os três dias que
se seguiram após a paragem do
coração do iluminado, José Mário
Branco voltou-se a escrever e falar
em profusão de valores caros ao 25 de Abril, 
pelos quais o Zé Mário sempre se bateu,
como a Liberdade, Igualdade e Fraternidade 
bem como todos os democratas amantes 
do progresso e do bem da Humanidade!
O CDS, temendo que o Chega o
canibalize, chegou-se à frente e propôs
homenagear a sinistra data do 25 de Novembro
na Assembleia da República e toda a direita 
aplaudiu, incluindo alguns direitistas do PS.
Salvou-se Isabel Moreira que votou contra.
Nem políticos da destra nem comentadores 
estipendiados nem jornalistas orientados nem
politólogos profissionais conseguiram ainda explicar
porque é que no 25 de Novembro de 1975, o Povo não
saiu à rua em explosões de alegria, mas sim manteve
silêncio sepulcral, que já indiciava no que viria a
acontecer, o enterro do 25 de Abril!
Não quisemos o social-imperialismo
soviético nem o imperialismo
americano... Mas este teve a primazia, com a benção do
'menchevique', Mário Só-ares de socialismo...

   Vítor Colaço Santos 

Leonard Cohen - Moving On (Official Audio) - O homem vive!!

Geniais e outros

A genialidade de José Mário Branco não tocou Vasco Pulido Valente. Na hora da sua morte, destilou, uma vez mais, os seus "maus fígados". Foi no Público de ontem. Há homens assim.

Perdoa-me, Luís Vaz...


...O desplante de ir buscar à tua obra magna apoio para congratular um compatriota que, em terras de Vera Cruz, “por obra valerosa se vem da lei da morte libertando”; e faço-o porque ele próprio te citou, para fazer frente à “enveja” com que se esforçam por diminuír o seu trabalho:

“Cessem do sábio grego e do troiano/ As navegações grandes que fizeram/ Cale-se de Alexandre e de Trajano/ A fama das vitórias que tiveram/ Que eu canto o peito ilustre lusitano/ A quem Neptuno e Marte obedeceram/ Cesse tudo o que a Musa antiga canta/ Que outro valor mais alto se alevanta”!

E aqueles mentecaptos que rejubilam com as derrotas de compatriotas no estrangeiro devem estar a passar por momentos horríveis; e as tascas de ”malamuerte” aonde vão buscar inspiração para as excreções mentais com que infectam espaços públicos devem ter esgotado a bagaceira bruta com que se encharcaram para atenuar a dor de burro....


Amândio G. Martins

sábado, 23 de novembro de 2019

As vítimas

Deve haver mais, mas, de momento, bastam-me estas duas "vítimas": Trump e Netanyahu. Coitados, os "caçadores de bruxas" não os largam. Aguardo ansiosamente pelas próximas: Bolsonaro, Orbán, Erdogan, Duterte, Putín, André Ventura. Oxalá esteja para breve porque, quando eles se queixam, é porque foram mesmo agarrados pelos… cabelos.

Empoderados de Bolsonaro...


Diz a notícia do JN, ilustrada com uma foto da terrível cena, que um comerciante de Niterói, cidade próxima do Rio de Janeiro, abateu a tiro em plena rua uma rapariga sem-abrigo por esta lhe ter pedido um real, moeda cujo valor representa um quarto da moeda europeia; trata-se de um país onde a violência é “cultural” – para usar as palavras daquela alarvidade que faz de presidente, referindo-se à destruição da Amazónia – e  assassinatos como o que a notícia revela tenderão a aumentar, encorajados pela filosofia bolsonariana.

Fugindo àquela violência, temos vindo a receber muito boa gente brasileira, que rapidamente se “enturma”com a gente do meio onde se instala, e é comovedor ouvi-los elogiar a nossa segurança, poderem andar na rua sem a preocupação constante de serem assaltados; infelizmente já não é bem assim porque, além da malandragem autóctone, a livre circulação tem facilitado a entrada de muita gente indesejável, pelo que recomendaria àqueles “optimistas” que do país irmão para cá se deslocam, para cumprir o sonho de viver em paz e segurança, que não será descabido acautelarem-se mais...


Amândio G. Martins

sexta-feira, 22 de novembro de 2019

Polícias e mulheres assassinadas

O título pode parecê-lo, mas não é minha intenção associar uma coisa a outra. Somente por pura conveniência de escrita o faço, para não vos maçar muito com dois textos, mais a mais num tempo em que, significativamente, o diálogo no blogue se torna raro e seja mesmo invectivado. E até as visualizações caiam a pique.
Feito o prólogo, vamos à polícia e à manifestação de ontem em Lisboa. Diz-se que foi ordeira e parece que sim. Só que o "gestinho" - para uns bacoco, para outros intencional - da mão da "supremacia branca", deitou tudo a perder ( a ganhar, para "eles"...), mais ainda quando entrou em cena o deputado do "Chega", André Ventura. Vindo de dentro da "Casa" que por fora se barricou. O senhor que se licenciou, com dezanove valores, na Universidade Nova e se doutorou noutra Universidade da Irlanda que, curiosamente, está ainda umas centenas de lugares acima nos "rankings", com uma tese que antagoniza as ideias de extrema direita que agora (?!) defende. Cito isto porque nos diz= que o homem é inteligente ( até de mais...) e tem escopo a atingir. Os métodos são asquerosos, mas isso que lhe(s) importa? O "Movimento zero" lá vai "cantando e rindo" no meio, mas comandando, dum processo de reivindicações dos agentes de segurança, que me dizem ser justas.
E agora as mulheres assassinadas. Este femicídio, no âmbito da violência doméstica, tem números assustadores ( para mim e para a imensa maioria das pessoas): 531 nos últimos quinze anos e já 28 no ano corrente. Senhores "machões iluminados", rejubilem! Pobres "psicopatas freudianos", vistam uma camisola branca, façam o gesto do que dizem somente significar "tudo fixe" e dispam os "enfeites" de justos democratas convencidos, com que querem ocultar ( ou já nem isso) o conteúdo de "homúnculos"" com escrita bocageana!

Fernando Cardoso Rodrigues

Cartão de Cidadão mais fácil na loja tradicional



Necessitei de renovar o cartão de cidadão. Face a notícias de demora no atendimento para o efeito, existia alguma expectativa sobre a forma como a renovação decorreria. Tentei o espaço do cidadão na junta de freguesia, mas após uma hora de espera, retirei-me porque o sistema informático bloqueou com o assunto da pessoa que me antecedia.

Tentei depois a renovação pela internet, através da chave móvel digital, mas o sistema também não abria. Tentei agendar a marcação para a renovação, mas as datas indicadas eram para 15 dias depois.

Meti pés ao caminho e fui à Rua Alferes Malheiro, ao Departamento de Identificação Civil do Porto, aonde tinha efectuado a renovação anterior (2014). Para minha surpresa, pouquíssimas pessoas, demorei cerca de dez minutos e passada uma semana, mais cinco minutos para o levantamento, depois de ter recebido pelo correio o aviso para o efeito.

Mas também fiquei surpreendido com um certo estado de degradação do serviço, que me pareceu com menos funcionários, com o painel electrónico para ordenar o atendimento avariado, substituído por senhas de papel retiradas de rolo, tendo um acabado e, segundo comentários ouvidos, a sua substituição teria que ser requisitada a Lisboa. Também achei que será mais um serviço tradicional na calha para encerrar, porque a aposta governamental é nas lojas de cidadão e no «online».

O TERCEIRO DIA

Vivemos o "Terceiro Dia" de Jesus. Os vendilhões e os capitalistas nada sabem. São cegos que guiam outros cegos. Estão a levar o mundo para o abismo. Cabe-nos a nós evitá-los e não deixar que exerçam influência sobre nós. Somos outras, outros, "EU SOU", como Jesus. Outras, outros Caminho-no-Caminho, Verdade-na-Verdade e Vida-na-Vida, como afirma o padre Mário de Oliveira. A grande maioria ainda não sabe. Já caímos o que tínhamos a cair. Já carregámos a cruz. É a Hora!

Águas de bacalhau...


Como não há dinheiro para nada
Se cada vez há mais milionários
E medram traficantes e falsários
Sem ninguém a pô-los em debandada?!

Trazem tudo de forma controlada
Entre si sempre muito solidários
Riem-se dos “revolucionários”
Que nada dão à gente esfomeada...

Já não creio em nenhum libertador
Que nos possa vir a minorar a dor
Que tanto aflige a Humanidade;

Só resta cada um abrir caminho
Mesmo que tenha de partir sozinho
Fiel ao que seja a sua verdade!


Amândio G. Martins

Mais que não seja


As finanças do País vão bem e recomendam-se. Muito à custa da expectável melhoria da vida dos portugueses, trata-se do resultado de uma escolha entre os belos défices orçamentais que se vão conseguindo, merecedores dos encómios dos senhores da finança internacional, e o bem-estar dos cidadãos, que não merece a apoteose de ninguém, a começar pelos próprios interessados. Tudo estaria muito bem se, depois de se melhorar a vida quotidiana das pessoas, nas suas vertentes fundamentais - saúde, educação, transportes -, os nossos governantes se preocupassem com a redução da dívida pública. Mas não é assim. Elaboram-se os orçamentos anuais, faz-se com que os números batam certinho e, depois, não se cumprem, cativando os dispêndios não ao que é necessário, mas sim ao que é academicamente conveniente. Todos os dias ouvimos notícias de que um serviço público (ou mais) emperrou por falta de pagamentos a fornecedores, de pessoal, de equipamentos e consumíveis. Não, assim não pode ser, sobretudo porque, como é visível e apregoado, o Estado tem dinheiro. Não se devem dar motivos a que a direita se encrespe na comunicação social a proclamar que, com serviços privados é que é bom. Mais que não seja, porque não é.

A armadilha no regresso de imigrantes


O Dr. António Costa quer que os imigrantes regressem, mas ao mesmo tempo que dá alguns incentivos quer dar aos possíveis empregadores 180 dias para saber se um individuo serve ou não serve..
Ora isto é uma armadilha: uma pessoa abandona um emprego na França e depois de seis meses
dizem-lhe ; tu não serves.
Oh Dr. António Costa o Sr. regressaria nestas condições?
Pelo sim pelo não os meus já estão avisados

Quintino Silva

quinta-feira, 21 de novembro de 2019

Marcelo quer. Quer o quê?


1- O PR, Marcelo Rebelo, anda na política há mais ou menos seis décadas, fora aqueles anos mais tenros, em que andou pela mão com o pai. Talvez tenha em algum momento ouvi-lo dizer que em Portugal, todos viviam desafogados. Naquele tempo, não via ou não haviam sem-abrigos, e as pontes para os abrigar também eram poucas e más. As luzes das montras eram de pouco brilho e só o cigarro que restava apanhado do chão, na boca iluminava. Marcelo fez-se homem, professor, líder e governante. Estudou para isso. Para ser doutor e presidente. Nos últimos tempos, deu-lhe para sair de casa, e descobriu que na rua e por lixeiras, vivia gente como ele, com corpo e alma, mas com menos hipóteses e oportunidades, já que a linhagem deles o não permitiu. Agora bate-se até à insistência, por questão de consciência que a idade determina, e a religiosidade aconselha, por acabar com a pobreza e o abandono na sarjeta, de gente quase como ele. É verdade que os não quer escondidos de modo a não aparecerem na fotografia. Ele que até cultiva o gosto da as tirar seja com quem for. Dá-lhe popularidade, embora ao pobre nem sorriso se lhe acomode, nem brilho nos olhos se acenda. Bom. Já é alguma coisa!
2 - Marcelo Rebelo, de repente ouviu pelos média, de que tinha morrido um cantautor maravilhoso, profundo, inquieto e irrequieto, mas nunca a ele se referiu em nenhuma feira de cultura ou de acumulação de conhecimento. Marcelo, hoje PR, talvez só em pequeno tenha tido um tambor, que o podia fazer vibrar mas com limites, para não incomodar a família nobre, e Tambor para ele é nome de filme inquietante. Mas agora aparece com ar constrangido na foto junto ao esquife de José Mário Guedes Branco, e misturado com alguns "Vozes na Luta", que ali mesmo a seus pés o homenageavam. Cremos que o PR nunca viu um concerto dado pelo autor magnífico, falecido, nem sequer tenha comprado um disco dele em vez de um livro, lá pelas feiras por onde tem andado. Mas marcou presença agora, como aparece por outras bandas, e sempre com ar confrangido. Já não é mau. Fica registado!
3 - Marcelo de Sousa, PR, e grande viajante pelo ar e pelas redacções dos média, em vez de querer saber por que razão a Imprensa está a sufocar, a passar mal, numa crise, ou a "embarcar num silêncio aflito"(José Afonso), a espernear e se aguentar nas bancas, dá como solução "a aprovação de propostas que ajudem os média a ultrapassar tais dificuldades" - a sobreviverem. Ora somos de opinião que caberia ao presidente, querer saber das razões porque se lê muito pouco em Portugal, e o porquê das escolas não ensinarem a acumular hábitos de leitura desde pequenino, e para a vida. E uma vez adquirido tal hábito, dar condições de vida com qualidade, trabalho e salário digno, que permita comprar um jornal, por exemplo. A medida que ele avança, a nós parece-nos que não leva a lado algum, nem a leitura maior, pois o dinheiro (que se esfuma), apenas sairá dos bolsos dos contribuintes sem resultados positivos para melhorar a situação da iliteracia e desinformação, em que somos ricos. Por aí não vamos lá, e continuaremos estendidos num ataúde, "sem palavras nem poemas"! *

-*(DN.mdrª22-11)

E a "burra" a dar-lhe!

- não saberá Marcelo Rebelo o que é um verdadeiro e genuíno Homem? Qual a razão para só agora vir à Praça do Oportunismo anunciar querer condecorar um "morto" que durante toda a sua vida, recusou sempre ser prendado com Comendas, Condecorações, Reconhecimentos com Ordens e Cruzes, e pensar que ele terá nos seus familiares quem viole tal vontade expressa, aceitando o que José Mário, um Homem firme e honesto, culto criador de génio de obra artística e intemporal, que mais não seria que uma traição à sua vontade inequívoca manifestada? O morto não fala e muito menos canta, e nem se inquieta já, mas a sua família saberá dar a resposta a um presidente folclórico e daltónico. Marcelo que guarde a Condecoração que lhe sobra, junto ao peito, e junte-se aos generais do seu pelotão. José Mário, desertou desta guerra e foi integrar-se na Paz pela qual se bateu. Ele mesmo lá nas alturas é um Resistente!*

-*(DNot.23-11)
-*(SÁBADO-28.11/"Um verdadeiro Homem")

- ("Ser-se livre é:
possuir-se a capacidade de lutar contra o que nos oprime. Quanto mais perseguido, mais perigoso. Quanto mais livre, mais capaz. Do cadáver de um Homem que morre Livre pode sair acentuado mau cheiro. Nunca sairá um escravo".  (Mário Cesariny)

Eternamente refugiados!...


A Time dá a capa do mais recente número – Nov.25.2019 – a uma menina curda de nove anos, cujo rosto sofrido, por já ter passado por coisas que uma criança nunca deveria ver, aparenta bastante mais idade, fotografada na camioneta que a transportava da cidade síria de Darbasiyah, para o campo de refugiados de Bardarash, no Iraque, na sequência de mais uma traição de que tem sido vítima o seu povo, cujos únicos amigos fiéis ao longo dos séculos foram as montanhas; bem podem comemorar os Direitos da Criança, que o número de crianças sem direitos no mundo não pára de crescer!

Diz o texto da Time, da autoria de karl Vick, que o desenho do actual Médio Oriente tem exactamente cem anos, criado pelos vencedores da Primeira Grande Guerra, ficando sem eira nem beira alguns povos, entre os quais o povo Curdo, disseminado por vários países, sem ter conseguido nunca uma situação de estabilidade.

No Curdistão iraquiano, Saddam Hussein dizimou sessenta mil deles de uma assentada, mas este povo lutador e leal tem conseguido resistir  a tudo; tiveram agora um papel crucial na eliminação do sanguinário Al-Baghdadi, mas a desgraçada figura que encabeça a liderança americana apressou-se a colher os louros, sem sequer os referir, ao mesmo tempo que traía estes bravos combatentes...


Amândio G. Martins

quarta-feira, 20 de novembro de 2019

A propósito da Convenção sobre os Direitos da Criança

Estranharão o "a propósito da..." mas quero dizer mais que o simples relembrar da data de 20/11/1989, em qua a dita Convenção foi asinada por 195 países, quase todos os de mundo... mas já lá vou. De fora ficaram apenas o Sudão do Sul e os EUA ( curioso, não é?). No momento, a singularidade triste pertence aos últimos, já que o primeiro já a ratificou, ou seja, já a incorporou na ordem jurídica do país, coisa que Portugal fez em 21/9/1990. Trata-se do mais relevante texto ético-jurídico no que à Criança (0 a 17 anos completos) concerne, tem 54 artigos e assenta em quatro pilares fundamentais: a não discriminação; o superior  interesse da ciança; sobrevivência e desenvolvimento; opinião da criança. "Queimei muitas pestanas" a lê-la e a compará-la.a propósito de trabalhos que fiz sobre "consentimento informado" em Pediatria...
Agora o "a propósito..." que bem gostaria que fosse o " a despropósito". Ouvi-o hoje no Telejornal, embora já o temesse e, em certa medida, já o soubesse. Pelos vistos a tese abrangente de que a inclusividade deve ser o ideal, estará a ser "viciada". A boa ideia era que, salvo casos muito especiais, não existissem escolas especializadas onde as crianças com "handicap" de ordem diversa, fossem escolarizadas, mas sim frequentassem a escola da outras ditas normais. Mas tudo isso.... com apoios de técnicos específicos, em número suficiente! Ora o que parece estar a acontecer é que esses apoios ou não aparecem ou aparecem em número manifestamente insuficiente! Ou seja, há uma falsa inclusão...
Assinalo a data da Convenção mas "rezo" para que não se torne num alibi para ser "aldrabado" na primeira oportunidade.

Fernando Cardoso Rodrigues

Quando o mar galgar Oeiras



Não param as noticias sobre as inovações que estão a ser delineadas para este Município e temos mesmo de aplaudir muitas destas iniciativas que com a colaboração de forças conscientes e munícipes realistas vão marcando estas terras de Oeiras.
Podemos referir a recuperação do património histórico que depois de tantos anos abandonado pelas entidades directamente responsáveis parece que em breve estarão ao serviço não só dos oeirenses como serão atracções até para estrangeiros que nos virão visitar. Além da Casa da Pesca, a Estação Agronómica Nacional e outros, parece ainda que falta resolver a Cartuxa, vários fortes, enfim o muito património que felizmente está listado pelos Serviços e esperamos que depois a Câmara continue a mantê-lo e nunca mais Oeiras seja conhecida pelas suas ruinas.
Porém continua a haver certos esquecimentos que tardam a ser resolvidos e que são muito importantes para um grande número de munícipes que há muito residem por estas terras. Lembro a limpeza e respectiva manutenção dos cursos de água, a falta de intervenção junto dos operadores para assegurar uma boa mobilidade e ligações para utilização de transportes públicos faltando até uma actualizada informação das carreiras que ainda existem. Fomos informados que o Município vai alargar o Combus da união de Freguesias de Algés, Linda-a-Velha, Cruz-Quebrada/Dafundo a outras Uniões de Freguesias o que irá ajudar uma melhor movimentação dos oeirenses. Os horários praticados  continuam a condicionar a utilização como meio preferencial pois a maior parte destes transportes públicos acabam muito cedo não assegurando a sua utilização noturna.
Fez e faz também noticia os projectos para a zona ribeirinha de Oeiras que até dará o braço a Lisboa. Zona apetecível e muitos moradores estão eufóricos pelos seus andares estarem com vista para esta largueza de rio/mar o que terá apadrinhado mais um grande edifício de apartamentos perto do Chafariz Velho em Paço de Arcos. E lá se ouvem as vozes dos concordantes que a foz do Jamor terá de ser rapidamente convertida no projecto que vai dar visibilidade  internacional. E há quem queira já avançar com alterações megalómanas na Marginal…  Pois é. O problema é que  as previsões de muitos estudiosos e investigadores asseguram que, com as alterações climáticas que irão acontecer nestes próximos dez anos e que se irão agudizar no futuro, as águas do nosso estuário do Tejo subirão invadindo tudo o que estiver construída nas margens.
Talvez um dia quando o mar galgar as margens de Oeiras os que ainda cá estiverem condenem estas decisões e digam aos então vindouros que nem tudo foram boas decisões nestas terras entre Lisboa e Cascais.

Maria Clotilde Moreira

Jornal Costa do Sol - 20.11.2019

José Mário Branco



EU VIM DE LONGE (1942), EU VOU PARA LONGE (2019) …ONDE NOS VAMOS ENCONTRAR

«Ser solidário assim pr`além da vida
Por dentro da distância percorrida
Fazer de cada perda uma raiz
E improvavelmente ser feliz»
……..
«Ser solidário assim tão longe e perto
No coração de mim por mim aberto
Amando a inquietação que permanece
Pr`além da inquietação que me apetece»
…….
«Ser solidário sim, por sobre a morte
Que depois dela só tempo é forte
E a morte nunca o tempo a redime
Mas sim o amor dos homens que se exprime»
…….
JOSÉ MÁRIO BRANCO

SALVE 20 DE NOVEMBRO: O DIA UNIVERSAL DA CRIANÇA E O DA CONSCIÊNCIA NEGRA NO BRASIL


     Em Portugal, o dia do infante, também chamado miúdo, é 1º de junho. No Brasil, adotou-se o 12 de Outubro, que é feriado nacional em homenagem à padroeira, Nossa Senhora Aparecida.
    20 de Novembro marca, no calendário, a data universal comemorativa da criança, com ênfase especial ao respeito a seus sagrados direitos e também registra, coincidentemente , para a eterna memória do povo brasileiro, o dia da consciência negra, como reconhecimento do grande valor de uma estirpe humana, cujos descendentes, submetidos, desde à infância, à crueldade da escravidão, muito contribuíram para o desenvolvimento econômico de nosso País, e ainda sofrem, na atualidade, os efeitos de uma lamentável discriminação, embora esta se prenda mais à situação de pobreza dos negros.
   Antes da abolição da escravatura no Brasil, feita sem a prévia mudança no sistema agrário preconizado por Joaquim Nabuco para amparar os libertos, editou-se um diploma legal denominado lei do ventre livre, após cuja vigência, toda criança nascida de escravo ficaria liberta. Foi um bem que resultou no mal: começou aí a existência de criança abandonada, em virtude da falta de assistência material por parte do senhorio que perdera o direito de propriedade.
   A criança precisa ser alvo dos maiores cuidados para sua boa educação, que, segundo Napoleão Bonaparte, deveria começar vinte anos antes dela nascer. Tudo se pode fazer eficazmente por ela, nos três primeiros anos de sua existência, porque, nessa tenra idade, é bastante receptiva e, como um livro de páginas brancas, muito se pode nele facilmente escrever.
   Os espíritos divinos criados por Deus estão chegando ao planeta Terra, numa época de dolorosa transição para uma melhor situação evolutiva. São muito inteligentes e hábeis em todos os setores culturais modernos, mas muito carentes de assistência moral que as escolas tradicionais não são capazes de oferecer, e, sim, o núcleo familiar. Sobre este assunto, tive a oportunidade de assistir a uma magistral palestra (06/08/19) do ilustre médico, pensador espiritualista cristão e professor universitário, Joaquim Tomé de Souza.
   Ao contrário do que muito se apregoa e até se combate, inclusive com dispositivos legais, algum tipo de atividade laboral, desde que não prejudique a presença na escola e os divertimentos, é sempre bem-vindo. Ela não deve, entretanto, ser atendida em todas as suas vontades: os limites são necessários, não apenas o “sim”, mas também o “não”. 
   Faz-se necessário ensinar as crianças, com argumentos razoáveis, a obediência à disciplina, inclusive quanto ao uso de aparelhos de comunicação, sobretudo o telefone celular, cujo manejo elas exercem com grande maestria, na mais tenra idade.
    Nesta época de tanto abuso à criança, torna-se imperioso lembrar a drástica sentença de Jesus Cristo (Mateus, 18.5-6), segundo a qual, melhor seria para o corruptor que se lhe atasse uma pedra no pescoço e o lançasse às profundezas do mar. Vale dizer, teria sido melhor espiritualmente para ele uma violenta morte do que a continuidade da vida comprometida pela grande iniquidade, porquanto a lei de causa e efeito que rege nossos destinos é implacável e exige reparação através de intensa atividade na esfera do Amor ou no resgate da dor do sofrimento, como se pode ver na carta do apóstolo Paulo aos Gálatas (6:7-8).
   Ao final dessas linhas, deixo aqui um soneto em redondilha maior (versos de 7 sílabas), escrito no outono de 1988, expressando a ideia de que dentro da criança está o reino dos céus.
ALMA DE CRIANÇA
Como foi sábio Jesus,
Ao vislumbrar, na criança,
O roteiro de esperança
Para o encontro da luz!

Na alma do infante, lembrança
Alguma a ódio conduz;
Ali sempre mora a confiança
Que apenas amor produz.

Longe de toda a ambição,
Vazio é seu coração
Do mais singelo conflito.

Cheio, porém, de ternura,
Abraça a grande ventura
Na aliança com o infinito.