AVANTE COM SEGURANÇA E PRECAUÇÃO
Sabem quem é a linda jovem que ilustra o texto? Não sabem? Pois é, não sabem, mas deviam saber! Mas a culpa não é vossa. Em grande parte, é da televisão e até da rádio. Nomeadamente, dos canais públicos, que deviam promover os nossos artistas, transmitirem bons programas de entretenimento, divulgarem o país, a arte, a ciência e a cultura e não o fazem. Não o fazem, desde o tempo da outra senhora .Desde sempre. Melhorou a seguir ao 25 de Abril, mas depois, com esta democracia condicionada, voltou quase ao mesmo.
Propositadamente, o que dão ao povo, para culturalmente o condicionarem, manipularem, são doses maciças de telenovelas, concursos simplórios e futebol.
Mas voltemos à lindíssima jovem que ilustra o texto. Para os/as que ainda não a conheçam, ficam a saber que para além da beleza física, trata-se de uma grande artista. Um autêntico animal de palco. Chama-se Marta Ren e é acompanhada por músicos também de excelência.
Já sabia da sua existência, já a tinha ouvido, mas a primeira vez que vi Marta Ren & the Groovelvets ao vivo, foi na Praça do Comércio em Lisboa. Uma saborosa surpresa. Um deslumbramento. Vou ter o enorme prazer de a rever sabem onde? Pelo título, já imaginaram, isso mesmo; na próxima edição da Festa do Avante. Alguns e algumas já estarão a torcer o nariz. Não a duvidarem da qualidade da cantora e restantes músicos, mas por causa do intruso corona. Esse sim, nada deslumbrante. Muito antes pelo contrário. Portanto, é natural alguma preocupação. Será muita gente que não perderá a oportunidade de ouver e vibrar com Marta Ren e respectiva banda. E agora, provavelmente, estarão à espera que eu diga que não senhor, que não tem nada que haver qualquer preocupação, toda a gente pode ir completamente à vontade à Festa do Avante.
Com a famigerada pandemia, quem é que pode ir seja onde for completamente à vontade? Sem qualquer preocupação? Basta sair a porta! Mas, e agora vamos ficar confinados até que ela desapareça? Até que haja uma vacina eficiente ou cura definitiva? Evidentemente que não! Aliás, não estamos já aí todos na rua? Não estamos já aí todos a tratar da nossa vida? Mas sem qualquer preocupação? Claro que não!
No entanto, sejamos racionais, claros e objectivos; haverá o mesmo perigo de contágio quando se anda num comboio (do METRO ou de superfície), num autocarro à pinha, ou quando se vai, por exemplo, ao cinema cujas salas já estão abertas, ou a qualquer espectáculo com todas as normas de segurança da DGS implementadas? Ou, especificamente, à Festa do Avante que decorrerá num espaço de 30 hectares (equivalente a 30 campos de futebol), onde haverá delimitação de áreas, marcação de corredores e circuitos, assistentes de plateia, encerramento temporário em horário fixo para desinfecção de WCs, esplanadas com mesas e assentos com distanciamento e higienização permanente, disponibilização de álcool-gel em diversos pontos, paredes dos stands dispostas de modo a haver circulação de ar e mais portas de entrada para evitar cruzamentos entrada/saída
Portanto, meus amigos, de máscara, de mãos desinfectadas e sem me encostar a ninguém (só se for à minha namorada...) lá vou eu ver a Marta Ren, mas não só! Quero ver se não perco também o Camané e Mário Laginha, o Rogério Charraz, a Ana Laíns, a Aldina Duarte, o jazz do Hot Clube de Portugal, e se for possível, ainda darei uma espreitadela aos Xutos. Mas isto são os meus gostos pessoais! Aliás, a dificuldade está na escolha entre dezenas de grupos e artistas individuais. E ainda há teatro, exposições, etc. E, claro, um petisco e um copo com os amigos. Também aqui, há muito por onde escolher.
Tudo isto e muito mais, é a Festa do Avante. Mas,para erguer, pôr e manter a funcionar e desmontar aquela cidade efémera de 3 dias, é preciso muito trabalhinho! Mas não é isso que assusta os muitos militantes do PCP, simpatizantes e seus amigos que, ano após ano, entusiasticamente, deitam mãos à obra. E é precisamente isso, os ideais que os movem, que incomoda os detractores
da Festa com ou sem pandemia. Os avessos à mudança, ao progresso, à justiça social. Principalmente agora, ainda vão influenciando, porque dispõem de poderosos meios de comunicação. Mas não será sempre. O futuro não lhes pertence. Pertence aos construtores da Festa, aos muitos milhares que todos os anos lá vão, e aos milhões que, como eles, aspiram e se batem, por um mundo bem melhor e mais justo.Francisco Ramalho
PS- pretendia colocar a imagem no topo do texto mas não consigo...
Custa-me entender tanta preocupação alardeada na comunicação social com a realização de eventos que, potencialmente, agregarão muitos cidadãos. Seja a Festa do Avante, as procissões e peregrinações religiosas, o futebol, as touradas, os festivais de música. Pois não há já regras mais do que suficientes a enquadrar (quase) toda a actividade humana, sobretudo em ambiente pandémico? Perdoem-me o plebeísmo, mas apetece-me gritar: “Eh pá, vivam e deixem viver!”
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