Similitudes...
Do poeta Cesário Verde, transcrevo parte de um poema que falava de algo semelhante ao que agora experimentamos, mais localizado mas sem os mesmos meios:
Nós
Foi quando em dois verões, seguidamente, a Febre
E o cólera também andaram na cidade,
Que esta população, com um terror de lebre,
Fugiu da capital como da tempestade.
Ora, meu pai, depois das nossas vidas salvas,
(Até então nós só tivéramos sarampo)
Tanto nos viu crescer entre uns montões de malvas
Que ele ganhou por isso um grande amor ao campo.
Se acaso o conta, ainda a fonte se lhe enruga:
O que se ouvia sempre era o dobrar dos sinos;
Mesmo no nosso prédio, os outros inquilinos
Morreram todos. Nós salvámo-nos na fuga.
Na parte mercantil, foco da epidemia,
Um pânico! Nem um navio entrava a barra,
A alfândega parou, nenhuma loja abria,
E os turbulentos cais cessaram a algazarra.
Pela manhã, em vez dos trens dos baptizados,
Rodavam sem cessar as seges dos enterros.
Que triste a sucessão dos armazéns fechados!
Como um domingo inglês na city, que desterros!
Transcrito por Amândio G. Martins
... mas os tempos são outros. Talvez não venha propósito mas lembrei-mr de algo que li (em dois sítios) em que se constata que recordamos muito a primeira guerra mundial mas pouco a gripe espanhola, contemporânea, que matou muito mais que a primeira...
ResponderEliminarE ainda que no seculo XX a letalidade total ( por guerra, doença, etc) caiu exponencialmente em relacao aos seculos imediatamente anteriores
É verdade que os tempos são outros; infelizmente, apesar disso e de dispormos de mais e melhores meios de tratamento, a realidade é que estamos cada vez mais vulneráveis...
ResponderEliminarTanto pessimismo, caro Amândio... Não me parece nada que o Homem esteja cada vez mais vulnerável. É certo que ainda não se inventou o elixir da vida eterna, mas...
EliminarOxalá que sejam só lamúrias de velho...
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