quinta-feira, 13 de agosto de 2020

OS GRANDES ESPETÁCULOS CIRCENSES DE OUTRORA

ESTE VÍDEO TRAZ UMA MELODIA QUE FOI TEMA PREFERIDO EM APRESENTAÇÃO NO CHAMADO CIRCO-TEATRO NA DÉCADA DE 1940 NO BRASIL.

    Tenho saudades dos grandes circos dos tempos de minha adolescência que apresentavam espetáculos de grande valor artístico e cultural. O meu torrão natal – Goiandira, uma pequena cidade do sudeste do Estado de Goiás, Brasil, de vez em quando recebia o famoso Circo Irmãos Portugal, com suas esplêndidas apresentações de acrobacia de trapézios e maravilhosas encenações teatrais, tendo como destaque a artista Dalva, por quem eu, ainda com 11 anos de idade, era profundamente apaixonado.

     Dramas, tragédias e comédias despertavam o interesse de um grande número de espectadores. Lembro-me da magnífica peça a “Paixão de Cristo”, em cinco atos (partes da peça), em que o drama do calvário era interpretado com grande emoção e, no seu final depois da ressurreição, dois soldados romanos, em diálogo com os grandes algozes dizem: “Senhor Anás e Senhor Caifás, para os senhores não trabalhamos mais! ”. Outros dramas interessantes: “ O Mundo não me Quis”, “Rosas de Nossa Senhora”, “Deus lhe Pague” e especialmente, a tragédia de um ato só “Ferro em Brasa”, do autor português Antônio Sampaio (1926) com adaptação brasileira de Newton Moreno, que retrata emocionantemente um esposo traído que assassina cruelmente, dentro de sua oficina de trabalho, o amante da esposa, espetando-lhe no peito um ferro encandecido.

     Esta tragédia não era exibida no palco, onde há o recurso do chamado ponto que orienta os diálogos, mas em plena arena do circo, o chamado picadeiro, com utilização de materiais emprestados pela oficina de Antônio Cavalcante Tristão (meu tio-avô materno). Não obstante o alto nível artístico da apresentação, espectador de pouca sensibilidade demonstrava seu desagrado de maneira deselegante. Durante um momento de profundo silêncio na plateia, quando, em monólogo, o ator que interpretava o papel do assassino manifestava o intuito de matar o inimigo, eis que lá da arquibancada um craque do futebol da cidade, conhecido por “Tuinha”, boceja fortemente e exclama: “Paguei muito caro, para ver a oficina do “Antõe” Tristão funcionar”.

     Inesquecível a exibição do drama “O Ébrio” da teatróloga Gilda de Abreu, cuja canção do mesmo nome celebrizou seu marido, o grande tenor brasileiro Vicente Celestino, que fez grandes sucessos no Brasil nos anos 1940-1950, cantando “Patativa”, “Porta Aberta”, “Rasguei o seu Retrato” e a espetacular “Mia Gioconda”, cujo tema é o heroísmo do pracinha brasileiro na segunda guerra mundial.

     Havia também os circos de touradas sem o final sacrifício do animal que também não era maltratado com as chamadas bandarilhas, mas apenas imobilizado pelo toureiro intrometendo-se entre seus chifres e segurando-lhe a cabeça, isso era chamado de pegada ou simplesmente pega do touro, e este não era de raça violenta, mas um curraleiro, como era conhecido no Brasil, de pouca agressividade. Havia também um palhaço que no momento da investida do touro, subia na cerca, gritando: “Chama a vovó pra mim! ” Seu grito imitava uma habitual atitude de meu mano Orivaldo, quando em apuros (o palhaço era conhecido da família).

     Lembro-me dos toureiros “Beija Flor” e Camilo apelidado por “Fumaça”. Os circos estão hoje em franca decadência. Que pena! ... Eram formadores de grandes artistas no Brasil. Muitos músicos e cantores se iniciaram na arte em suas arenas.

 

 

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