quarta-feira, 5 de agosto de 2020

Moderação, precisa(va)-se

A ideia preconcebida de que, com o novo coronavírus, ia morrer imensa gente fez com que se tomassem medidas radicais. Essa ideia está por demonstrar, como, aliás, a ideia contrária, a de que tudo se passaria na mesma, caso nada se fizesse ou se se tomassem apenas medidas moderadas. Se os executores pensaram nos efeitos globais que tais medidas viriam a acarretar, fizeram-no de modo muito leve e apressado. Ponderou-se o aumento significativo das mortes em geral, não as geradas directamente pelo vírus, mas todas as outras que agora se estão a revelar? Reflectiu-se no número de vítimas adiadas pelo medo de ir aos serviços de saúde, ou pelo cancelamento de consultas, exames e cirurgias? Avaliou-se a catástrofe humanitária, o desemprego e as falências, vitimando sobretudo os mais indefesos, por via da degenerescência das condições económicas de vida? Nada, só se deu fio ao papagaio do pânico. Só interessou saber-se o número de mortes pela covid-19. E o burnout de profissionais da Saúde e de tantos outros? E as doenças mentais que dispararam? O inimigo, qual mosca pousada numa bola de cristal, tinha de ser eliminado. E foi, com uma martelada de tal modo desmedida que, infelizmente, estilhaçou também o globo.

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