Rigor nas contas...

 

 

Houve um tempo em que, quando encontrava nos jornais “curiosidades” que me pareciam divertidas, recortava e guardava; e foi o que aconteceu com o que vai abaixo, transcrito há muitos anos no JN pelo prof. Hélder Pacheco, na sua coluna “Vistas do meu quinteiro”, que então mantinha naquele jornal, onde descrevia a factura que um mestre restraurador de arte sacra de Braga apresentou à Confraria do Bom Jesus.

 

“Por corrigir os Dez Mandamentos, embelezar e mudar as fitas ao Pôncio Pilatos  1700 réis; um rabo novo pró galo de S. Pedro e pintar-lhe a crista 800 réis; dourar e pôr penas na asa esquerda do Anjo da Guarda 1230; lavar o criado do Sumo Sacerdote e pintar-lhe as suiças 1000; tirar as nódoas ao filho do Tobias 2000; uns brincos novos para a filha do Abraão 930; avivar as chamas do Inferno, pôr rabo ao diabo e fazer vários consertos nos condenados 2400; renovar o céu, arranjar as etrelas e limpar a lua 1830; retocar o purgatório e pôr-lhe almas novas 1000; compor o fato e a cabeleira do Herodes 1000; meter uma pedra na funda do David, engrossar a cabeleira de Tobias e alargar as pernas de Saul 1230; adornar a Arca de Noé, compor a burrica do filho pródigo e limpar-lhe a orelha esquerda 660; fazer um menino ao colo da Nossa Senhora 1200; umas botas novas para S. Miguel e limpar a espada 1800; limpar as unhas e pôr os cornos ao diabo 1700.   Soma: 21.580 réis”

 

 

Amândio G. Martins