Situações de escravatura, exploração, ameaças, violência, tráfico de seres humanos, eis a que as máfias e os cães patrões sem alma sujeitam os imigrantes que vêm trabalhar para Portugal em busca de uma vida melhor. E não é só em Odemira. É na zona de Santarém e noutros locais do país. No distrito de Santarém decorrem investigações, por parte do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), a suspeitos de tráfico de pessoas para fins de exploração laboral. Trabalhadores provenientes do Paquistão, do Bangladesh, da Índia, do Nepal e de outras regiões do mundo foram encontrados a viver num anexo de 3 divisões sem cozinha, janelas, electricidade, água, saneamento básico e sem a mínima possibilidade de escaparem, já que os patrões tinham os seus documentos cativos. É-lhes dito por esses cães que não podem ir à polícia porque são eles que estão ilegais. Sem contrato de trabalho e com ameaças à família nos seus países, inibem-se as pessoas de pedir ajuda. Essas ameaças podem surgir quando são recrutados nos seus próprios países por "empresas" em redes organizadas de tráfico.
Este blogue foi criado em Janeiro de 2013, com o objectivo de reunir o maior número possível de leitores-escritores de cartas para jornais (cidadãos que enviam as suas cartas para os diferentes Espaços do Leitor). Ao visitante deste blogue, ainda não credenciado, que pretenda publicar aqui os seus textos, convidamo-lo a manifestar essa vontade em e-mail para: rodriguess.vozdagirafa@gmail.com. A resposta será rápida.
terça-feira, 18 de maio de 2021
AS MÁFIAS, A NOVA ESCRAVATURA E OS VELHOS CÃES
A sonegação de documentos no crime de tráfico é usada como uma ferramenta de controlo e de submissão das pessoas que ficam sem poder recorrer a serviços de apoio.
Em 2019, o desemprego entre os estrangeiros fora da UE foi o dobro do registado entre portugueses- 12,5%, contra 6,5%. Na habitação, 1 em cada 4 estrangeiros vivia em sobrelotação, comparando com 8 em cada 100 portugueses.
Os imigrantes estão expostos a contratos sem protecção social, a mais turnos, a mais riscos, incluindo acidentes mortais no trabalho, a salários mais baixos do que os portugueses, e a uma maior vulnerabilidade. É asqueroso o papel das máfias na transferência dos imigrantes para Portugal, o valor que lhes cobram e a violência que exercem sobre eles.
Por outro lado, se é difícil os casos de tráfico de seres humanos chegarem a julgamento, mais difícil ainda é a sua condenação. Só uma ínfima parte resulta em condenação. Nos últimos 5 anos só cerca de 1 em cada 10 crimes por tráfico de pessoas chegou a tribunal e foi alvo de uma decisão.
Em nome da liberdade, em nome da igualdade, em nome da vida, em nome da justiça, destruamos de vez as máfias e os cães.
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