Tudo se falsifica, por esse mundo fora, mas os traficantes que mais temo são os mixordeiros de produtos farmacêuticos, alimentos e bebidas, que também por cá proliferam, sem a mínima preocupação com o mal, muitas vezes irreversível, que podem causar à saúde pública; é que os que traficam com os mais diversos objectos de uso pessoal, vestuário e calçado, roubam o país em termos de finanças públicas mas, ao menos, não fazem perigar a nossa saúde física.
Faz agora quarenta anos que um grupo de criminosos espanhóis espalhou o pânico no seu país, vendendo como azeite para consumo humano um produto à base de óleo de colza, que importavam de França, matando mais de quatro mil pessoas e deixando com sequelas várias - algumas até hoje - mais de vinte mil; o país inteiro vivia aterrorizado porque as autoridades não descobriam que “bichito” seria aquele, e havia quem desconfiasse de uma base aérea americana aí instalada que, desagradada com a evolução política que em Espanha mudava tudo, estariam a despejar pelos campos o produto assassino!
Os criminosos foram finalmente descobertos e a mixórdia retirada do mercado, mas o mal estava feito; lembro-me bem de ler nos jornais o temor que havia de também por cá poder haver o veneno, dada “facilidade” que já havia nas transacções comerciais informais; este crime soava tanto mais escabroso quanto Espanha sempre foi um grande produtor de azeite de oliveira, mas para a bandidagem tudo serve para ganhar dinheiro, aliciando com “pechinchas” as pessoas menos abonadas...
Amândio G. Martins
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