quarta-feira, 19 de maio de 2021

Desconcertante, é o mínimo que se pode dizer

 

Como pode entender-se que um Estado responsável despeje deliberadamente a sua juventude, mais de seis mil de uma assentada – o melhor que qualquer país possui para garantir o futuro -  por outro país adentro, como aconteceu agora com Marrocos, na sua fronteira com a cidade espanhola de Ceuta? Parece que foi “apenas” uma ofensiva de protesto de Marrocos, para “chatear” o Governo espanhol, por este ter acolhido um líder independentista para tratamento à Covid mas, seja como for, dá-nos uma ideia do respeito que lhes merecem estes jovens, que decerto acreditaram que iam mesmo para Espanha.

 

Este país tem recebido milhares de jovens menores não acompanhados de várias nacionalidades - que os racistas tratam depreciativamente por "Menas" - que lá chegam naqueles carregamentos incríveis de tão precários e não tem podido recambiar para o país de origem, que em muitos casos nem saberão bem qual será; e boa parte desta juventude, de grande potencial se fosse bem acompanhada e instruída, acaba por criar problemas decorrentes da xenofobia de que são vítimas; ainda agora se verificou um caso chocante, na campanha eleitoral para a comunidade de Madrid, em que a ultra-direita Vox espalhou um cartaz para atacar o Governo central, cujo conteúdo se verificou ser totalmente falso, mas que o tribunal não obrigou a retirar, decidindo que aquilo era aceitável no âmbito de uma campanha eleitoral:  “Un Mena -  4.700€/ mes; tu abuela  -  426€/ mes”, isto ilustrado com as fotos de uma velhinha e de um encapuzado retiradas da Net.

 

Numa Europa mais racional, com os défices de natalidade que são conhecidos, toda esta miudagem seria recebida como uma bênção, acarinhada e instruída nos valores que definem este Continente, se é que ainda existem alguns valores que nos caracterizem, que já ninguém consegue definir muito bem o que são...

 

 

Amândio G. Martins

 

2 comentários:

  1. "se é que ainda existem alguns valores que nos caracterizem". Essa é que é essa! Como ainda agora se viu com o reacionário Órban, da Hungria a recusar a assinar um documento conjunto de todos os países da UE condenando os atos brutais do fascista Netanyahu.

    ResponderEliminar

Caro(a) leitor(a), o seu comentário é sempre muito bem-vindo, desde que o faça sem recorrer a insultos e/ou a ameaças. Não diga aos outros o que não gostaria que lhe dissessem. Faça comentários construtivos e merecedores de publicação. E não se esconda atrás do anonimato. Obrigado.

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.