Que os políticos não cumprem as suas promessas, que receiem não ser eleitos se as não fizerem, e que, ainda assim, não desistam de subir a parada, tudo isto é sabido há muito. Que os mesmos políticos, devidamente instalados no poder, negoceiem contratos internacionais como o Programa de Recuperação e Resiliência, em ambiente de pandemia e inerentes constrangimentos, é perfeitamente natural. Tanto como a existência de condições a que alguns países devem submeter-se para aceder a recursos alheios, sejam eles contra reembolso ou a fundo perdido.
Menos natural é que governos europeus, em nome dos seus países, apresentem projectos de aplicação de fundos comunitários - concebidos, ao que nos dizem, sob uma capa de grande altruísmo e solidariedade, face às agruras que o Sars-cov-2 nos trouxe - com reformas estruturais que a “praxe europeia” inventou, bem escondidinhas por diáfanos mantos de opacidade. Ao que parece, é o que o nosso Governo tem andado a fazer, ao escamotear da informação pública condicionantes que os portugueses rejeitam, lembrados que estão de algumas exigências do tempo da troika.
Já se diz que o atraso na entrega de casas a famílias carenciadas é uma dessas condições. Também se vai dizendo que o Governo trabalha afanosamente numa “plantação” de condições sine qua non, para exibir nas negociações dos próximos Orçamentos. Nada como, na altura própria, dizer que é inevitável aceitá-las. O tempo o dirá.
Expresso - 07.05.2021. Com vasta amputação (das partes sublinhadas), que compreendo, mas que me entristece. Não por mim, mas pelo Expresso. Pelas razões que constarão de um post que aqui publicarei no próximo dia 8.
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