Estou farto de, sempre que surge a oportunidade, dizer e escrever que os jornais têm todo o direito de “condensar”, seleccionar e editar os textos que lhes são enviados como propostas de publicação nas secções dedicadas às “cartas” dos leitores. Nunca consigo discernir sobre quem é que presta o “favor”, se os leitores que se dão ao trabalho de organizar e expor as suas opiniões, se os jornais que lhes prodigalizam o espaço gratuito. Isto dito (e é importante, podendo não o parecer), vamos ao que, de momento, entendo essencial.
O Expresso publicou, em 7 de Maio, parte de uma carta que escrevi, com o título “ O PRR vai chegar, mas como?”, retirando-lhe alguns extractos. Nada de mais, as regras do jogo são essas. Contudo, uma análise mais apurada que faço ao acontecido levam-me a conclusões que, pelo enorme respeito que nutro pelo Expresso, me entristecem profundamente.
A minha carta encerra um teor crítico aos políticos em geral e aos governos europeus, designadamente o português. Numa primeira parte, há uma crítica genérica, que até pode ser absorvida, erradamente, por algum ideário populista de repúdio pelos “políticos”. Depois, quando o tom da mesma crítica desliza para a esquerda, lembrando as agruras que os portugueses sofreram às mãos da troika e de quem lhes fez as vontadinhas todas (e mais algumas), o Expresso “cala-me”.
Considero que as amputações ao meu texto desvirtuaram substancialmente o espírito do mesmo. Será motivo para deixar de enviar cartas ao Expresso? É óbvio que não. Aliás, ficar-lhe-ei agradecido sempre que as publicar, de preferência na íntegra, ou com “condensações” que não lhes deturpem o sentido geral. No entanto, passarei a ter mais cuidado (se for capaz…), produzindo redacções que não propiciem cortes tão explícitos de uma vontade de criticar o Governo, mas só de um dos lados, escamoteando ideias que possam conter razões de outras orientações menos “apetecíveis”.
P.S. O texto acima foi enviado ao Expresso e refere-se ao post aqui publicado no dia 5 de Maio. Tenho consciência de que não merecerá o “favor” da publicação, mas o reparo, ou desabafo, está feito. Esperava mais e melhor do Expresso.
Caro José Rodrigues. O seu texto de insurgência tem razão face às amputações que o Expresso faz do artigo de opinião da sua lavra publicada na última edição deste. Já no tempo de Nicolau Santos isso era visível...O espaço que os jornais dão aos leitores que opinam não é não foi nem será um favor. Os jornais buzinam-nos que é crucial exercermos cidadania e depois censuram-nos... Aquela gazeta ainda o vai publicando, a mim ostraciza-me. Triste? Não. É sinal que não escrevo de acordo com a sua linha editorial, que mais não é do que um serventuário do partido
ResponderEliminarequivocadamente auto-denominado de social-democrata. É tão social-democrata quanto o Salazar foi democrata...
Apostila: I)Agradeço-lhe publicamente a sua generosidade por ter tido o trabalho de me ter publicado os meus artigos de opinião. Bem-Haja!
II) Continue a escrever até que lhe doa intelecto!