terça-feira, 5 de março de 2013

A dimensão psicológica não pode ser parente pobre

Em 2012 foram receitados aos portugueses 20.500 embalagens de antidepressivos por dia. Jovens dos 12 aos 19 anos consumiram 240 caixas de antidepressivos e tranquilizantes diariamente. Naquele ano, os médicos prescreveram no total mais de 87 mil embalagens destes psicofármacos(!). Em situações iniciais como depressões ligeiras ou médias, as intervenções psicológicas são eficazes com resultados que se mantêm ao longo do tempo. Ajudam os doentes a desenvolver estratégias para lidar com as dificuldades. O apoio psicológico, às depressões reactivas por causas de natureza económica, aponta visões menos negativas e cria competências pessoais para melhor lidar com a doença.
A dimensão psicológica não pode ser parente pobre ou descurada. A Psicoterapia tem um poder fundamental na ajuda aos doentes, evitando até a toma de psicofármacos em situações depressivas e perturbações de ansiedade. Portugal é o país com mais consumo de benzodiazepinas (ex: xanax, lorenin) prescritas em excesso e por períodos demasiadamente longos, contrariando recomendações internacionais. Estes ansiolíticos têm acção apenas sintomática, provocando dependência e alteração da memória e raciocínio. O SNS, através do ministério da Saúde, tem por dever e obrigação ter o conhecimento do ser humano na sua dimensão psicológica, apostando em dotar a Saúde Mental com mais Psicólogos e combatendo a pressão da indústria farmacêutica junto dos médicos para que estes prescrevam cada vez menos. Não podemos estar condenados ao empobrecimento, à depressão, à ansiedade, ao sofrimento.
Quando as pessoas estiverem em primeiro lugar!, a depressão deixará de doer.
 
Vítor Colaço Santos

1 comentário:

  1. "A dimensão psicológica não pode ser parente pobre ou descurada" - concordo!
    Infelizmente, ainda há um grande preconceito em relação à psicoterapia, as pessoas preferem tomar medicamentos a ter de aceitar precisarem de uma terapia desse tipo. E os médicos, claro, também adooooram receitar.
    Há tempos, num comentário de blogue, eu disse qualquer coisa como: se me acontecesse uma coisa dessas, acho que precisava de uma psicoterapia. Não interessa, para o caso, qual era o assunto. Só lhe digo: fui logo apelidada de doente mental, em sentido pejorativo, já que um comentador chegou a dizer que uma pessoa como eu devia ser impedida de votar!!! Vá-se tratar, minha senhora!, disseram-me. Fiquei simplesmente abismada com o medo que as pessoas têm de coisas deste tipo!

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