Foto: Philip J. Grifihts
A Rua é das crianças
Ninguém sabe andar na rua como as crianças. Para
elas é sempre uma novidade, é uma constante festa transpor umbrais. Sair à rua
é para elas muito mais que sair à rua. Vão com o vento. Não vão a nenhum sítio
determinado, não se defendem dos olhares das outras pessoas e nem sequer, em
dias escuros a tempestade se reduz, como para gentes crescida, a um obstáculo
que se opõe ao guarda-chuva. Abrem-se à aragem. Não projectam sobre as pedras,
sobre as árvores, sobre as outras pessoas que passam, cuidados que não têm. Vão
com a mãe à loja, mas apesar disso vão sempre muito mais longe. E nem sequer
sabem que são a alegria de quem as vê passar e desaparecer.
Ruy Belo “Homem de Palavras” 1969
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