sexta-feira, 8 de março de 2013

Pobreza infantil também é retrocesso civilizacional

A tirania da austeridade sem fim, coloca no patamar da indigência e da fome, numerosas famílias com filhos. O que os governantes fizeram no último ano e se propõem continuar a fazer é a destruição de vidas das pessoas de carne e osso, já de há uns anos para cá vistas como números. Há fome nas escolas, porque há fome em casa. O ministério da Educação e Ciência, foi informado que estão sinalizadas cerca de 15.000 crianças com fome. A Sociedade Portuguesa de Pediatria alerta que nos hospitais há mães que acrescentam água ao leite artificial e que dão leite de vaca a bebés de meses. A penúria é tal, que o número de bebés retidos nos hospitais, por incapacidade da família assegurar o superior interesse das crianças, duplicou! 
Quando os pais são atingidos pelo desemprego, precariedade laboral, baixos salários, cortes nos abonos de família, nos subsídios de inserção e desemprego, as famílias mergulham no dramatismo da exclusão social, da solidão e humilhação. Já nem conseguem responder às necessidades básicas: alimentação, vestuário, material escolar, consultas médicas, medicamentos e transportes.


Há crianças carenciadas que vão para a porta dos refeitórios escolares e não entram por vergonha. À segunda-feira nas cantinas escolares, crianças com fome apresentam uma sofreguidão enorme. Tudo o que lhes põem à frente é “devorado”. No concelho de Santiago do Cacém, crianças entre o 9º e o 11º ano não se matriculam, pois as famílias não têm recursos. Este retrocesso civilizacional tem de ser invertido. Urge uma atitude emergencial. O Estado deve apoiar todas as crianças a partir dos 3 anos, de famílias sem meios para a educação pré-escolar. O respeito e a dignidade na vida das crianças e dos jovens tem de ser uma realidade, se não quisermos também por esta via, hipotecar o futuro de Portugal. A pobreza infantil é uma violação dos direitos humanos.
 
Vítor Colaço Santos

Sem comentários:

Enviar um comentário

Caro(a) leitor(a), o seu comentário é sempre muito bem-vindo, desde que o faça sem recorrer a insultos e/ou a ameaças. Não diga aos outros o que não gostaria que lhe dissessem. Faça comentários construtivos e merecedores de publicação. E não se esconda atrás do anonimato. Obrigado.

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.