Uma política
educativa assente em teorias pedagógicas mal testadas e decorrentes de uma
crença totalmente infundada no mito do «bom selvagem» de Rousseau permitiu que
a escola fosse tomada de assalto por bandos de rufias que, por ausência de
autoridade, acabaram por tomar o poder de facto, na medida em que são os únicos
que podem usar a força para impor a sua lei.
Com efeito, só
eles têm autoridade para bater, esmurrar, esfaquear ou pontapear quem quer que
seja: professor, funcionário ou aluno. E se algum aluno, na sua ingenuidade,
tentar encontrar protecção num professor ou num funcionário rapidamente aprende
quão frágil e ilusório é o poder destes.
A maioria dos
pais e dos professores hodiernos pertence a uma geração que idolatrava o aluno
insolente, baldas e marginal e desprezava o aluno aplicado, trabalhador,
cumpridor e educado. E esse fraquinho revolucionário e romântico pelo aluno
rebelde contribuiu decisivamente não só para o decréscimo da qualidade do
ensino como também para o aumento da indisciplina e da violência nas escolas.
Mas há uma coisa
que as pessoas têm de perceber: a escola não pode ser nem uma casa de
correcção, nem uma prisão. E para se pertencer à comunidade escolar (ou a
qualquer outra), uma pessoa tem de aceitar e de se sujeitar às regras de
funcionamento da própria comunidade, sob pena de esta se desmembrar. Os alunos que
aceitam as regras intuitivas (digo intuitivas porque considero uma aberração
intelectual, ética e moral os actuais compêndios chamados regulamentos
internos) da disciplina escolar, onde se incluem, obviamente todos aqueles que
têm comportamentos próprios da irreverência da idade, não podem ser vítimas,
nem os ratinhos da Índia, de experiências pedagógicas de resultado duvidoso ou
de programas de ressocialização de delinquentes. Acresce que é fundamental que
a escola proteja os alunos que aceitam as regras da comunidade, porque, só
assim, eles aprenderão a confiar nas instituições.
Quanto aos
restantes, os pais que os aturem ou o Estado que arranje escolas especiais para
os domar. A não ser que
queiramos educar os nossos alunos para uma vida numa sociedade dominada e
controlada por traficantes de droga, máfias e “gangs”. Se assim for, o modelo
que, infelizmente, já está implantado em muitas das nossas escolas, é o ideal,
na medida em que reproduz com fidelidade esse modelo de sociedade. Modelo de
sociedade que, aliás, Abrantes conhece bem.
Santana-Maia Leonardo
Sem comentários:
Enviar um comentário
Caro(a) leitor(a), o seu comentário é sempre muito bem-vindo, desde que o faça sem recorrer a insultos e/ou a ameaças. Não diga aos outros o que não gostaria que lhe dissessem. Faça comentários construtivos e merecedores de publicação. E não se esconda atrás do anonimato. Obrigado.
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.