terça-feira, 19 de março de 2013

O drama português

O Governo, formado por gente insensível, - robots ao serviço dos números -, quer vencer-nos pelo cansaço e não percebe que o drama que se vive em Portugal se aproxima da tragédia.

O povo, o país, protesta nas ruas, nos espaços onde lhe é possível fazê-lo, nas fábricas, nos transportes ou nos serviços, de manhã, à tarde ou à noite, e os governantes, tal como a maioria dos políticos, pouco ou nada retiram dessas manifestações de desencanto e desagrado.
Sem perceberem o mal que mina o corpo social do país, vão procurando abichar o mais possível do pouco que vai restando, não fazendo leis urgentes, ou não agilizando as que existem, para que se recupere de fraudes, roubos e contratos lesivos à nação. Ainda que muitos destes desfalques tenham sido feitos por, ou em, instituições do sector privado, acabamos por ser sempre todos nós a suportar os prejuízos, porque, directa ou indirectamente, acabam por ser nacionalizados.
A abominável leitura e interpretação da Lei dos mandatos autárquicos, feita pelos representantes partidários que possuem no seu elenco militante alguns dos ditos dinossauros, é angustiante e ofensiva aos munícipes a quem se quer impor Presidentes de Câmara que terminaram os mandatos noutras cidades ou vilas e, que, agora, vindos e residentes fora do concelho, concorrem contra os representantes dos munícipes que aí vivem o seu dia-a-dia.
Presidente de Câmara não pode ser profissão e quem não tiver profissão não tem estofo cívico para exercer tal cargo. O exercício dessa função exige respeito à terra e às pessoas que nela habitam ou habitaram. Eu sei do que falo, porque o faço com conhecimento de causa. Quando se dirige uma autarquia estamos a cumprir uma missão e é nesse espírito que o mandato deve ser exercido. Uma autarquia administra-se com amor e não como tarefa.
Os lugares melhor remunerados na política não foram suprimidos ou diminuídos. Reduziram-se apenas as freguesias e concomitantemente os autarcas dessas autarquias, que pouco abichavam do Orçamento do Estado, mas daí para cima nada se fez. Bastava ter legislado para que Presidentes de Junta e seus acólitos voltassem à forma antiga, que vigorava antes do consulado Guterres, em que recebiam uma gratificação e ajudas de custo, deixando de ser profissão, como depois passou a suceder. Deste modo não era necessário extinguir as freguesias, contra a vontade do povo. Criou-se uma espécie de supervisão das Câmaras, em substituição dos Governos Civis, que ainda está numa fase incipiente e a passar quase despercebida, onde já se acoitaram alguns agentes da área governamental.
Mataram-se as pequenas escolas e retiraram às pessoas a única fonte de instrução do lugar. Despediu-se o professor, pequeno farol de cultura. Foi substituído pelo motorista e acompanhante que levam as crianças à sede do concelho. A despesa mantém-se, só que mudou de Ministério. Mais uns passos para a desertificação e desagregação familiar.

 Joaquim Carreira Tapadinhas

3 comentários:

  1. "Uma autarquia administra-se com amor e não como tarefa"!!

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  2. A administração de qualquer coisa passa sempre pelo dinheiro que se tem para gastar. o dinheiro é um bem escasso pelo que sempre que se opta por gastar mais dinheiro num lado tem de se gastar menos dinheiro no outro. Administrar pressupõe fazer opções e definir prioridades. O problema é que se consentiu durante 20 anos que os nossos governantes gerissem o país e as câmaras como se não houvesse amanhã. É fácil governar uma casa só com o livro de cheques e o cartão de crédito, sem fazer contas à vida e até o banco cortar o crédito. Mas quem administra a sua vida desta forma não pode esperar um fim feliz. E o que aí vem é muito pior do que 98% das pessoas imaginam. Medina Carreira é um optimista porque acredita que ainda se vai a tempo de salvar o país. Já é tarde. Já caímos no abismo. Agora é aguardar apenas que nos esborrachemos no chão. Já não adianta virar o volante para a esquerda ou para a direita. Vamos em queda em direcção ao fundo da ravina. E não adianta acreditar em super-homens que nos vêm salvar porque isso é pura ficção.

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    1. Tudo o que está dito neste comentário corresponde à verdade nua e crua. Só que não chega apenas fazer a análise. Para sairmos desta situação desgraçada e caótica é preciso encontrar alguns caminhos futuros e não nos fixarmos apenas nos erros do passado. Não há super-homens, mas tem de haver homens que nos ajudem a percorrer vias diferentes, porque se não houver alternativas é o "dilúvio".

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